O filósofo, sociólogo e
educador Edgar Morin recebeu em 8 de julho uma homenagem em seu país, França,
pelos seus cem anos. Nada mais e nada menos que o próprio presidente da França,
Emmanuel Macron, esteve presente às homenagens. Além dele estiveram Dame
Brigitte, os amigos Antonella, Gianollo Nonino e a esposa de Morin, Sabah e
autoridades: os ministros Jean-michel Blanquer e Roselyne Bachelot; os
ex-ministros Françoise Nyssen, Bernard Cazeneuve e Jack Lang, Alain Touraine,
sociólogo e prêmio nonino 2016, François L’yvonnet, professor de filosofia,
escritor e editor, o chef Thierry Marx e Jean Nouvel, arquiteto e designer.
O presidente saudou o
homenageado como o “homem do século”, um homem animado por um pensamento
apaixonado e uma curiosidade infinita. Na opinião do presidente, Morin soube
unir o pensamento com a vida e “trouxe a mensagem humanista da França ao
mundo”.
Edgar Morin agradeceu a
homenagem em sua língua “fritagnolo” ( mistura de Francês, Italiano e
Espanhol). Prometeu ir ao Prêmio Nonino em Friuli e de lá seguiria para Veneza,
Florença, Roma..seu sonho: uma peregrinação na Itália.
Qual a essência do
pensamento de Morin?
Uma avaliação crítica à
ciência quanto à ordem, à separabilidade e às lógicas indutiva e dedutiva. A
ciência sempre se pautou pela busca da ordem. Quando não a vislumbra tudo lhe
parece caótico. Para Morin a essência do pensamento moderno está na sua
complexibilidade. Morin vê o mundo como um todo indissociável. Para tanto, sua
proposta é uma abordagem multidisciplinar. Enquanto que a tradição científica,
a partir de Aristóteles é da causalidade, que é linear, Morin sugere que se
tratem os fenômenos como uma totalidade orgânica. A lógica de Aristóteles,
baseada na causalidade, explica os fenômenos separadamente, enquanto que a de
Morin é vista primeiramente na sua totalidade e só depois analisa cada fenômeno
em separado. Já na Idade contemporânea, no afã de distinguir-se da filosofia, a
ciência acabou se separando. E o fosso da separação cada vez aumentou mais. Com
ao surgimento da estatística e com ela o importante se tornou o quantitativo,
aplicado à economia, à população, os territórios. O seguinte passo foi a
tecnociência. Ao estender estes novos conhecimentos às ciências naturais e
sociais criou-se o disjuntor-e-redutor, isto é, separar a ciência da filosofia.
Na mesma esteira incluíram-se as humanidades, as artes e todo conhecimento não
quantificável. A tarefa sempre mais abrangente de reduzir o complexo ao
simples, buscando sempre o menor, como os átomos na física.
A reação veio nos meados do
século XX com as ciências da terra, a ecologia e cosmologia que encetaram o
diálogo pluridisciplinar e com ele disjuntor-e-redutor cedeu o espaço para a
multi, inter e transdisciplinares. Daí nasce, então, o pensamento complexo, ou
o paradigma da complexidade, sem separar as disciplinas, ao contrário, unindo
as diversas formas de conhecimento, inclusive transportando para além do pensamento
acadêmico, para as sociedades, Estado e Sociedade Civil.
O paradoxo do uno e do
múltiplo já constatado pelos gregos, recebe outra interpretação além da
tradicional. Existe a totalidade que é o uno complexo. Mas há também a
heterogeneidade que é o mundo dos acontecimentos, confusão, ambiguidade, da
incerteza. Através do conhecimento é possível afastar a desordem, eliminar as
ambiguidades, a desordem através da distinção e hierarquização. A mente deve
realizar tal tarefa sem neutralizar a essencialidade: a complexidade. Por a
ordem sem atingir o complexus.(Edgar Morin,Introdução ao Pensamento Complexo,
1991:17/19):
Vida longa ao grande pensador.
ResponderExcluirMuita contribuição para a humanidade.
A ciência se pautou pela ordem, mas muitas colocações exigem a desordem para se chegar a essência da verdade.
ResponderExcluirTotalidade é o olhar integral para os fenômenos, mostra toda a clareza.
ResponderExcluirAgradecemos sua contribuição, um grande professor.
ResponderExcluir100 anos, deve comemorar mesmo, quanta história para contar.
ResponderExcluirUma vida que valeu a pena ser vivida.
ResponderExcluirParabéns grande mestre.
Merecida homenagem, importante 100 anos.
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