Tudo que o que as ficções científicas projetaram estão se
concretizando. Em “1984” projetou-se uma sociedade completamente vigiada e
direcionada pelo Grande Irmão, Estado. O Estado via tudo, inclusive a
intimidade das pessoas até mesmo as relações amorosas.
Depois do Covid-19, China e Coreia implementaram programa
de vigilância biométrica sobre a população. O simples acesso facial pode levar
ao conhecimento dos mínimos detalhes de cada indivíduo: gostos pessoais, comida, política, sexo, lazer e outros. Isto foi possibilitado pelos
algoritmos. São capazes de detectar não só nossas preferências on-line
off-line, mas cruzar estes dados com nossos movimentos, nossas emoções.
Fomos apossados pela tecnologia como um vírus, pois no
dilema entre a privacidade e saúde optamos por esta e entregamos à ciência
nossa intimidade como nosso Genoma. A ciência assumiu o topo de nossos valores.
Ela só explica o aspecto físico, material para a doença e a morte. Mas é só
isso? Os outros aspectos, os “meta físicos”, descartados sumariamente e a
priori. Alguém se lembrou de perguntar algo à filosofia? Onde está a filosofia
com seus conhecimentos metafísicos? Ela poderia dar uma resposta.
No entanto, ambas, após 40 dias de pandemia, ciência está às moscas perante o vírus. A ciência, no alto de seu pedestal,
não consegue vencer uma bolha que invade um corpo humano. Milhares, já se
aproximando do milhão, de pessoas estão morrendo como insetos infectados pelo
COVID-19. E a ciência arrasta-se sem sucesso no encalço do vírus.
A filosofia imoblizada, com toda sua soberba em afirmar o “homem é
isto”, o “homem é aquilo” está muda
diante da bolha que devasta sem dó nem piedade os seres humanos.
A teologia ou teodiceia? O que diz? Ela que quer estabelecer
um elo entre a criatura e o criador sente-se desprezada em seus esforços para
comover o sobrenatural.
E a bolha graxeia coroada continua impassível ceifando
vidas!
Não será necessária uma reunião ugente no Cemitério de Praga de
Ciência, Filosofia e Teodiceia para ver o que cada uma poderia colaborar?
Reunir os maiores sábios do mundo e abrir o jogo. Representantes de Roma,
Paris, Londres Washington, Madrid, Lisboa etc.etc.etc. para assinar um Protocolo gnosiológico e restabelecer o diálogo entre as áreas do conhecimento. A ciência representando o
universo; a filosofia, o homem; e a teodiceia, o sobrenatural.
No período
clássico dos gregos e romanos, ciência e filosofia entrelaçavam-se, seguindo o modelo traçado pelo médico - filósofo, Aristóteles.Ciência e filosofia complementavam-se. A religião era algo separado da ciência e filosofia. No entanto, entre filosofia e ciência havia intercâmbio.
Após este período, a filosofia imiscuiu-se com a
religião. Nesta relação, a filosofia perdeu seu norte ao abandonar a comprovação
como critério científico. Santo Tomás tornou-se o protótipo: Filósofo e
Teólogo. O critério de conhecimento
passou ser a Autoridade: diz a Escritura. A partir de então a filosofia foi
absorvida pela religião. Embora não tenha sido a filosofia, mas a religião que
foi vencida pela ciência, a ciência descartou as duas.
No advento do Renascimento, quando as duas poderiam ter
retomado as relações, preferiram seguir seu próprio caminho como duas bicudas
que não queriam e não podiam se beijar.
Atualmente entreabriu-se uma porta de acesso. Trata-se da
mediadora Ética que abre o diálogo entre a filosofia e ciência. E precisamente no mesmo ponto que Aristóteles estabeleceu a conexão: medicina e ética. Justamente a
ciência médica foi buscar o socorro e convidou a ética para dialogar.
Por isso, atualmente há novamente uma aproximação entre
filosofia e ciência. Grandes cientistas são também grandes filósofos. Quando a
ciência chega ao limite do conhecimento, aciona a filosofia pedindo para mostrar-lhe o
caminho a seguir. A ciência busca o “scire ens”, saber o que é a entidade do
ser. A ciência jamais conseguirá captar o ser, apenas o contornará, pois o ser
é “Meta físico” e a ciência somente poderá chegar ao físico. O “meta físico” é
invisível, quando na verdade é ele que conduz a nossa mente. Esta conduz nossa
vida. A causa do visível é o invisível. Se me proponho a ir a um lugar
(visível) minha mente traçou o caminho (invisível). Basta o visível seguir o
invisível. Isto foi até hoje.
A partir deste momento entramos em outra dimensão com a
permissão de explorar nosso íntimo. A técnica já era conhecida, o algoritmo,
mas ainda não havia sido utilizada para este fim. O algoritmo, como uma receita de conhecimento prático, é capaz de criar a ponte entre o invisível de nossas mentes e o
visível de nossos “data” biomédicos e a partir disso direcionar nossos
comportamentos. As informações disponíveis poderão ser usadas na manipulação de
comportamentos desejados por quem detém os “data”.
A questão que se coloca é: existe uma entidade invisível,
próxima à nossa alma, capaz de rastrear o que os algoritmos estão operando? E
que seja capaz de detê-los quando passarem dos limites? Que a consciência tenha
capacidade de dizer não às ciladas, embustes, armadilhas dos “data” inseridos
no programa para dominar nossas ações visíveis. Em síntese, a Liberdade pode
estar à salvo dos algoritmos e cintilar soberana a cima das pressões dos
programas dos algoritmos? A consciência soçobrará às investidas do visível
sobre seu invisível? Ficará a salvo a intimidade? Estamos, portanto, diante de
um mundo de incertezas, vislumbradas por Heisenberg. Os “data” inseridos na consciência poderão
ser controlados ou mesmo parados quando desejarmos? Se o mundo e a consciência
já estão cheios de incertezas, imaginem quando começarmos a manipular as
incertezas!
Nossos sentimentos ainda poderão ter autonomia?
Conseguiremos afastar o entulho dos programas e conhecer a nós mesmos? Isto a
afetará não somente nossas consciências pessoais como a consciência coletiva de
que fala Jung. Mais do que nunca os algoritmos estão prestes a apoderar-se da
consciência coletiva e controlar a mente humana. Isto poderá acontecer com indivíduos
sem autonomia, escravos de seus próprios estereótipos de seu sistema de
referência.
A filosofia deve marcar presença para garantir a vida do
espírito, o princípio ontológico da natureza humana, com o mundo do Ser e não
do devir. É preciso que o vir-a-ser de Heráclito esteja em sintonia com o Ser
de Parmênides. Só assim, evitará que os algoritmos elaborem e implantem
programas sociais voltados a eliminar o que ainda resta de humanos.
Por isso faz-se necessária uma runião urgente dos sábios do mundo inteiro no Cemitério de Praga para salvar o universo e o homem.
Por isso faz-se necessária uma runião urgente dos sábios do mundo inteiro no Cemitério de Praga para salvar o universo e o homem.
Interessante.
ResponderExcluirNossa, consciência coletiva.
ResponderExcluirControle da mente, muitas dificuldades nos aguardam.
Precisamos de humanidade.
ResponderExcluirO mundo clama por FÉ.
O povo apoiou o big brother, primeiro teste para ver a reação da sociedade.
ResponderExcluirGostaram, também serão vigiados.
Nunca mais teremos o que pensavamos e nos iludamos, a LIBERDADE.
Apenas somos as peças de uma engrenagem.