Nos
últimos dias tem se espalhado nas diferentes mídias a ideia de que o mundo
sairá dessa pandemia, provocada pelo Coronavírus,
mais solidário, isto é, que os homens serão melhores e entraremos numa nova
era. Não se pode dizer que mudanças não ocorrerão, provavelmente acontecerão.
Porém, até aqui as tentativas de prever o futuro falharam. Os erros aumentaram
desde que os intelectuais do século XIX decidiram fazer teorias sobre o futuro:
Hegel e os idealistas, Marx e seus admiradores, Comte e seus herdeiros
positivistas. Erraram enormemente e contribuíram para a crise mundial de
cultura no século passado, pois anunciaram um futuro promissor, onde os homens
seriam melhores, e mergulhamos na brutalidade de duas Guerras Mundiais, em governos
totalitários (nazi-fascismos e comunismo), campos de extermínio, guerra fria,
crises econômicas terríveis. As previsões falharam essencialmente porque
transformaram o ideal ético em promessa. A melhor ética não é automática e nem
alcançará todas as pessoas. Talvez seja possível aprimorar o estatuto legal,
mas mesmo isso não é certeza.
Há
um episódio interessante que Viktor Frankl relatou no seu best-seller mundial Em busca
de sentido. Quando os sobreviventes voltaram do campo de concentração
encontraram seus vizinhos e amigos vivendo normalmente e nada modificados, nem
constrangidos com o que se passara. Davam as desculpas mais tolas para justificar
nada terem feito. As pessoas (Vozes, 2017, p. 118): “não reagiam de outra forma
do que simplesmente encolhendo os ombros ou dando de si frases baratas.” O que
isso mostrou? Frankl foi impecável na conclusão. Somente sai melhor de um
sofrimento quem consegue significá-lo, isto é, que descobre um sentido para
ele. Do contrário poderá sair ainda pior, mais amargo, inseguro, neurótico e
angustiado. Frankl tinha esperança, acreditou que as pessoas poderiam aprender
no sofrimento inevitável, mas só quando elas o apreendessem e lhe conferissem
significado. Pesquisas médicas sobre espiritualidade e saúde vão na mesma
direção, a presença de um sentido religioso ajuda na saúde mental, mas isso não
significa que elas se tornarão melhores (VANDERWEELE, 2017, VANDERWEELE, Tyler
J. Religious Communities and Human Flourrishing. Association for Psychological Sciense. 26 (5), 2017. p. 478): “o
tipo de enfrentamento religioso pode ajudar a encontrar o sentido e reforçar
relações em um contexto de sofrimento e doença.” A melhora pessoal pode vir
pela prática religiosa e também pelo estudo, pela solidariedade, pela meditação.
No entanto, a melhoria moral somente virá para aqueles que usarem esse momento
como oportunidade para pensar o sentido do sofrimento e da solidariedade
humana. Os demais sairão iguais ou piores se mergulharem na amargura e no sofrimento.
O
sofrimento não nos torna automaticamente melhores. Frankl observou, apenas
explicita o que os homens são (FRANKL, Fundamentos
antropológicos da psicoterapia, 1978: “nos campos de concentração os homens
se diferenciavam. Os salafrários deixavam cair as máscaras. E os santos se
manifestavam. A fome fazia vir a qualidade de cada um.” Isso é assim porque os
homens somente podem ser considerados pelo que fazem, há os que fazem bem e os que
praticam o mal. Dito de outro modo (id., p. 229): “há somente duas raças: a
raça dos homens decentes e a raça dos que não prestam. Justamente porque
sabemos que a primeira constitui uma minoria, compete-nos aumentá-la e
fortalecê-la.”
Creio
que é legítima esperança e entender que, aqueles que tornarem o sofrimento desse
momento uma oportunidade de crescimento, poderão sair melhores dele.
Interessante,mas acredito que para alguns a cadeirinha de pensar funcionará,porque descobrimos que podemos viver, muito bem, sem o que achávamos tão necessário.
ResponderExcluirNecessário é humanidade, solidariedade e empatia.
Se um estudioso, com todo conhecimento tem como explicar,aceito.
ResponderExcluirVamos mantendo a esperança.
ResponderExcluirAcredito que muiitas pessoas estão olhando mais para seu interior.
ResponderExcluirUm direcionamento religioso é importante,a FÉ torna as pessoas mais fortes,principalmente para elas enfrentarem as dificuldades.
ResponderExcluirA lição é importante, mas a divisão é enorme, para uns sofrimento porque lutam pelo pão de cada dia, outros apenas férias e diversão, não precisam lutar, a vida está garantida.
ResponderExcluirVerdade, concordo cv,muita ironia ficar em casa sabendo que precisa ganhar o pão de cada dia.
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