Um
professor genial teve uma magnífica intuição e publicou nas redes sociais: Deus colocou a humanidade no cantinho do
pensamento. De fato, estamos reclusos e com tempo para pensar. Desde o ano
passado, a sociedade humana tomou contato com uma variação de vírus da família
corona, descoberto em dezembro de 2019. Essa variação de vírus é capaz de
provocar pneumonia e matar, especialmente pessoas de idade avançada e com
doenças pré-existentes (Covid 19). Essa variação é de um vírus da família
corona, família bastante conhecida e identificada há quase um século (1937).
Com esse tipo de vírus se convive desde a infância, mas essa variação se espalhou
pelo mundo provocando doença e morte. De repente, a vida rotineira, na grande
maioria dos países, vivida frequentemente sem prazer, depois de perdida, pareceu
deliciosa. Em sociedades envelhecidas,
como Itália e Espanha, o avanço da epidemia está provocando muitas mortes. No
cenário terrível, de enterro em massa, as pessoas estão atônitas e os sistemas
de saúde repletos de doentes. Não estamos capacitados para enfrentar grandes
epidemias, nem mesmo os países mais ricos estão sabendo como conciliar o
isolamento social e as atividades econômicas essenciais. Essenciais porque não
podem parar.
Atuando
de forma meio improvisada, quando não atabalhoada, as autoridades de saúde de
todo o mundo recomendam que se fique em casa, nos afastando, cidadãos comuns, das
nossas rotinas. Então, no silêncio do lar, em contato com familiares, ou sozinhos
conosco mesmos, temos a incrível e única oportunidade de levar adiante um
balanço existencial que o momento permite e/ou exige. Fomos postos no cantinho
do pensamento. E merecemos bem a lição pela bagunça que temos feito no mundo.
O cantinho do pensamento, nesse momento de
pandemia, realça o valor da fraternidade universal. Ela se mostra, com mais
força, nessas situações de risco e de sofrimento. Nesses dias de isolamento, quando
a dor comum alimenta o desejo da cura para os doentes e do retorno à
normalidade para todos, estamos assustados e ansiosos. Mas é promissor que, nessa
circunstância, quando o governo cogita ajudar empresários e trabalhadores,
ninguém o acusou de comunista. Em outros dias isso seria cogitado por essa legião
de robôs destituída de senso de humanidade, que perdeu o significado de
fraternidade e nacionalidade, pessoas que olham o próprio umbigo e não se sentem
parte do destino comum dos seus companheiros de jornada.
O
cantinho do pensamento também me trouxe à memória as palavras de Martin Buber,
que assim se pronunciou sobre o significado de nossa humanidade comum no
prefácio de um livro de Hermann Cohen (BUBER, M. El prójimo, cuatro ensaios sobre la correlación práctica de ser humano
a ser humano, según la doctrina del judaísmo. Barcelona, Digitália, 2004.
p. XXII): “Ama o teu próximo, pois ele é como tu, porque vocês conhecem a alma
do ser humano que se encontra em situação de extrema necessidade, sede amorosos
com ele, pois vocês mesmos também são seres humanos e padeceis a mesma e
extrema necessidade humana.” Estamos, pois, diante de uma recuperação do
mandamento do amor ao próximo contido nos evangelhos. Fraternidade universal
não é comunismo nem nada que essa limitada visão política que se espalhou no
país quer fazer crer. Fraternidade universal é o compromisso solidário de todo
homem com quem sofre, porque pertencemos a uma espécie que é capaz de compadecer
dos sofrimentos dos outros. E precisamos nos ajudar e nos respeitar nas
diferenças de nossas vidas e conforme nossas possibilidades. Esse sentimento é
mais importante ainda entre membros da mesma nação.
A
lição desses dias tem sido dura, mas como o Mestre é bom saberá dosá-la. Ela
será dada de acordo com nossa capacidade e propósito em aprendê-la. Assim Ele
ensinará a gregos e troianos o sentido dessa pertença comum à espécie e a
necessidade de habitarmos essa terra como irmãos.
Se aprendermos a lição, nunca mais seremos os mesmos,Deus seja louvado.
ResponderExcluirA grande lição da cadeirinha,nós olharmos para dentro de nós, vamos conhecermos um ser estranho, EU.
ResponderExcluirA maior dificuldade neste momento, é o medo, angústia e insegurança.
ResponderExcluirPouco sabemos do vírus, mas tempos difíceis vamos enfrentar.
O sofrimento nos une,neste momento é ser menos egoísta...
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