No dia 7 de abril de 2017 foi comemorado, em São Paulo, o
90º aniversário de Antônio Paim. Não pude estar presente. Mas segui de perto as
notícias sobre o almoço com que o meu amigo foi homenageado por amigos que
vieram dos quatro cantos do país. Merecida homenagem para quem é, hoje, figura
de prol da cultura brasileira e o mais importante pensador vivo do nosso país.
Paim tem dedicado a sua vida ao estudo do Brasil e das
nossas possibilidades de virarmos uma grande Nação. Imperativo categórico de
rigor kantiano acompanhou, sempre, esse seu compromisso inarredável. Nestas
horas de desvios de conduta de autoridades, de agentes públicos, bem como de
políticos, empresários e cidadãos comuns é fundamental lembrar um exemplo como
o de Antônio Paim. Porque se falta ao brasileiro médio espírito público, esse
não falta ao idealismo e total dedicação às coisas brasileiras da parte do meu
amigo.
Ao longo das várias décadas do meu convívio com Paim, sempre
me chamou a atenção a clarividência com que antecipava os horizontes pelos que
enveredaria o nosso país. Daí o seu pessimismo soft, que sempre o deixou com um
pé atrás em relação às conquistas que nos levariam ao primeiro mundo sem
perder, no entanto, totalmente a fé em que isso seria possível num futuro
promissor. Uma esperança escatológica vive no fundo do idoso coração do meu
amigo. E é a ela que me agarro ao tecer estas considerações em sua homenagem.
Antônio Paim, como destacava o saudoso e bem-humorado amigo
José Fernando Tostes Vilela Leandro (prematuramente desaparecido para tristeza
dos que com ele convivemos em épocas luminosas, lá na Universidade Gama Filho
de meados dos anos 80), "tem pavio curto para com os que não amam o
Brasil". Concordo. Não hesita em entrar na mais acirrada briga quando o
desafeto que atravessa o seu caminho fá-lo em nome de interesses carreiristas,
deixando para trás o espírito público. Foi assim com os burocratas da CAPES.
Foi assim com Lima Vaz e os esquerdistas escondidos que jamais deram as caras
para encarar a abertura política de peito aberto dizendo qual era o seu
programa. Foi assim com a plêiade de funcionários medíocres que para colher fáceis
louvações em foros e palestras de moda conspiraram contra o estudo do
pensamento brasileiro na PUC do Rio dos anos 70, na Gama Filho dos anos 80 e
90, na UFJF do mesmo período, etc. E sai de perto quando o assunto é briga com
ele pelo estudo e valorização das coisas brasileiras!
Destaco uma qualidade pedagógica do meu mestre: o seu
compromisso com aqueles que se chegaram à sua orientação, sem distinções de
ideologia, idade, credo ou origem. Paim sempre tem sido o mestre que se doa
para os seus orientandos e alunos. A nota característica do seu comportamento
para com eles, digo-o por experiência própria, é a ilimitada generosidade
intelectual e humana com que os acolhe. Generosidade que se alarga no decurso
do tempo por um longo período, chegando até os dias de hoje. Ainda Paim mantém
o diálogo construtivo com a nova geração de intelectuais liberal-conservadores
que busca, nele, um norte para a sua reflexão e ação transformadora das
instituições deste país. Um representante dessa nova geração é, por exemplo,
Alex Catharino, que está sempre em contato com o Mestre.
O jovem pesquisador Alex Catharino e Antônio Paim em São
Paulo, (Março de 2017. Foto: Alex Catharino).
Paim é um construtor de consensos ao redor da magna empresa
de estudar e traçar caminhos para o Brasil. Tanto na iniciativa privada, em que
ao longo dos anos trabalhou com particular eficiência, como no que tange à ação
política e ao serviço público, Paim sempre nos lembrou que as instituições
democráticas não caem do céu, mas que é preciso construí-las. Nutre convicção
semelhante à que tinha o grande Tocqueville, quando afirmava que "é
necessário construir o homem político", à sombra dos ensinamentos colhidos
dos seus mestres, os liberais doutrinários.
Boa parcela da meditação realizada Paim dedicou-a, com
afinco, a essa tarefa. Um exemplo: no Instituto de Humanidades, criado por ele,
junto com o saudoso Leonardo Prota e comigo nos anos 80 em São Paulo, com a
finalidade de abrir um espaço de formação humanística que tinha se perdido no
nosso cartorial horizonte nacional, Paim insistiu em que um capítulo das nossas
atividades deveria estar dedicado a incentivar, entre os professores de
primeiro e segundo graus, a discussão acerca do conteúdo que deveria ter a
disciplina "educação para a cidadania". Dessa sua preocupação surgiu
a obra intitulada: Cidadania - O que todo cidadão precisa saber (Rio de
Janeiro: Expressão e Cultura, 1999).
Não pode haver país grande, pensa Paim, sem que primeiro
seja equacionada essa grande questão da educação para a cidadania. Ora, ainda
estamos a dever ao Brasil essa tarefa. Governos entram e saem, sem que consigam
formular a contento a mencionada disciplina, que ensinaria às novas gerações
quais são as exigências éticas mínimas, bem como os conhecimentos fundamentais
para alguém ser cidadão deste país.
É deveras volumosa a produção acadêmica de Antônio Paim no
seio do Instituto de Humanidades. No Portal do Instituto (organizado pelo mais
novo membro, Franco Nero Dias Marçal) aparecem, em edição digital, as seguintes
publicações da lavra do nosso autor: [cf. www.institutodehumanidades.com.br]: A
Universidade do Distrito Federal e a ideia de universidade, 1981; O modelo de
desenvolvimento tecnológico implantado na Aeronáutica, 1987; Problemática do
culturalismo, 1995; A meditação ética portuguesa, 1996; A Escola do Recife,
1997; Etapas iniciais da filosofia brasileira, 1998; História do liberalismo
brasileiro, 1998; A Escola Eclética, 1999; A querela do estatismo, 1999; O
krausismo brasileiro, 1999; Os intérpretes da filosofia brasileira, 1999;
Interpretações do Brasil, 2000; Momentos decisivos da história do Brasil, 2000;
O relativo atraso brasileiro e a sua difícil superação, 2000; O socialismo
brasileiro (1979-1999), 2000; Do socialismo à social-democracia, 2001; A Escola
Cientificista brasileira, 2002; Para entender o PT, 2002; Tratado de ética,
2002; Balanço do marxismo e descendência, 2005; A filosofia brasileira
contemporânea, 2007; A bem sucedida privatização brasileira, 2007; As
filosofias nacionais, 2007; História das ideias filosóficas no Brasil, 2
volumes, 2007; O liberalismo contemporâneo, 2007; Leituras relacionadas à
cultura geral, 2008; Dicionário das obras básicas da Cultura Ocidental, 2008;
Nascimento da ética social moderna: antologia, 2009; A questão democrática,
2010; A opção totalitária, 2014.
Antônio Paim exerce atualmente a Presidência do Instituto de
Humanidades, sendo que, após o falecimento de Leonardo Prota em 2016, o Diretor Executivo passou a ser Arsênio Eduardo Corrêa. Os demais membros do
Conselho Acadêmico são: Franco Nero Dias Marçal, Maria Clutilde Pinto de Abreu,
Maria Cristina de Oliveira Espínola, Anna Maria Moog Rodrigues e Ricardo Vélez
Rodríguez.
Os membros do Conselho Acadêmico do Instituto temos sido
constantemente estimulados por Paim para que ofereçamos à sociedade brasileira
análises críticas do ângulo liberal, sobre os aspectos políticos, educacionais
e culturais da nossa democracia. No Portal do Instituto aparecem os seguintes
estudos desenvolvidos ao longo dos últimos anos: Arsênio Eduardo Corrêa, A
ingerência militar na República e o Positivismo, 1998; A Frente Liberal e a
Democracia (1984-1985), 2001; Primórdios da questão social no Brasil, 2016.
Leonardo Prota, As filosofias nacionais e a questão da universalidade da filosofia,
2007; Refundar a educação, 2014; Ricardo Vélez Rodríguez, O liberalismo francês
- A tradição doutrinária e a sua influência no Brasil, 2002; Violência,
narcotráfico e terrorismo na América Latina, 2008; Colômbia: da guerra à
pacificação, 2009; Tocqueville: libertad y democracia, 2012; O republicanismo
brasileiro, 2015; Pensamento português dos séculos XIX e XX, 2015.
Destacarei nesta homenagem ao meu mestre os itens básicos
que inseri na apresentação da sua obra, elaborada para o Projeto Ensaio
Hispânico, que o professor doutor José Luis Gómez Martínez desenvolveu na
Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos. As informações contidas nesse
texto foram atualizadas.
I - Breve sinopse bio-bibliográfica.
Antônio Paim nasceu no Estado brasileiro da Bahia em 1927.
Na década de 50, concluiu os cursos de filosofia da Universidade Lomonosov, em
Moscou, e da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Iniciou, nos anos 60,
carreira universitária nessa última cidade,
tendo sido sucessivamente professor auxiliar da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, adjunto da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, titular
e livre-docente da Universidade Gama Filho, na mesma cidade, aposentando-se em
1989. Na Pontifícia Universidade Católica do Rio organizou e coordenou o Curso
de Mestrado em Pensamento Brasileiro. Na Universidade Gama Filho, juntamente
com o professor português Eduardo Soveral, implantou o Curso de Doutorado em
Pensamento Luso-Brasileiro. Presentemente desenvolve atividades de pesquisa em
Universidades, no Brasil e em Portugal. Preside o Conselho Acadêmico do
Instituto de Humanidades.
Pertence às seguintes entidades: Instituto Brasileiro de
Filosofia (IBF), Academia Brasileira de Filosofia, Conselho Técnico da
Confederação Nacional do Comércio, Pen Clube do Brasil, Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, Academia de Ciências de Lisboa e Instituto de Filosofia
Luso-Brasileira, sediado em Lisboa. No Instituto Brasileiro de Filosofia,
fundado e presidido pelo saudoso Miguel Reale, desenvolveu amplo trabalho de
pesquisa e reedição de textos na área de filosofia brasileira.
Paralelamente e desde os anos 50, integra a consultoria
brasileira onde teve a oportunidade de participar de importantes projetos
relacionados ao setor de transportes, ao desenvolvimento regional, à economia
agrícola e à educação e recursos humanos, além de prestar assessoria a diversos
órgãos oficiais, entre estes BNDES, FINEP, Governo do Estado da Bahia,
Ministério da Aeronáutica e Ministério da Agricultura.
O conteúdo da atividade de pesquisa, desenvolvida na área
acadêmica, pode ser resumido como segue, ao redor de três tópicos:
1) Estudo da Filosofia Brasileira e formação de um grupo de
pesquisadores e professores, a esse tema dedicados, atuando em diversas
universidades do país, abrangendo aproximadamente o período de 1958 a 1989.
Nesse ciclo deu forma definitiva à História das idéias
filosóficas no Brasil (1ª edição 1967; 5ª edição, 1997), com a qual Paim ganhou
o Prêmio Jabuti de Ensaio em 1968. Ocupou-se igualmente das principais
correntes da filosofia brasileira, trabalho que divulgou em livros e ensaios e
na coletânea intitulada Estudos complementares à história das idéias
filosóficas no Brasil (7 vols.). Elaborou também a Bibliografia Filosófica
Brasileira, abrangendo desde o século dezenove até a contemporaneidade, e
sistematizou as pesquisas dedicadas ao assunto no livro Estudo do Pensamento
Filosófico Brasileiro (2a. edição 1986).
Para assegurar a continuidade destes estudos organizou, em
Salvador, capital do Estado da Bahia, em 1982, o Centro de Documentação do
Pensamento Brasileiro, ao qual doou a sua biblioteca especializada.
O Centro funciona atualmente em recinto especialmente
preparado na Universidade Católica de Salvador e conta com acervo de cerca de
13.000 livros, além de coleções de revistas. A atualização bibliográfica e os
estudos correspondentes estiveram até 2016 sob a responsabilidade de Leonardo
Prota, diretor executivo do Instituto de Humanidades. O professor Prota
efetivou o balanceamento desses estudos nos Encontros Nacionais de Professores
e Pesquisadores da Filosofia Brasileira, que se desenvolveram, a cada dois
anos, entre 1989 e 2003. Tais encontros foram realizados em Londrina, com apoio
da Universidade Estadual local.
Atualmente a Presidência do Centro de Documentação do
Pensamento Brasileiro é desempenhada por Dinorah d´Araújo Berbert de Castro,
sendo coordenadora Marta Suelí Dias Santos.
Atuam como Conselheiros do Centro Victor Gradin, Jackson da
Silva Lima, Rosa Mendonça de Brito, Antônio Paim, Ricardo Vélez Rodríguez,
Maria das Graças Guimarães, Francisco Martins de Souza, Maria de Jesus Medeiros
Muniz e Silva e Celina Junqueira. No ano de 2016 faleceram dois Conselheiros:
Leonardo Prota e Aquiles Côrtes Guimarães.
2) Estudo do Pensamento Político Brasileiro, aproximadamente
desde a década de 60, em conjunto com Vicente Barretto e outros estudiosos.
Esta iniciativa do professor Paim permitiu organizar o Curso
de Introdução ao Pensamento Político Brasileiro, editado pela Universidade de
Brasília em 1982, em sete volumes. Versão resumida desse Curso apareceu na
Editora Itatiaia de Belo Horizonte (1988).
Em forma de ensino à distância, o Curso de Introdução ao
Pensamento Político Brasileiro foi oferecido pela Universidade Gama Filho,
entre 1995 e 2002, com a decidida colaboração do então pró-reitor acadêmico, o
saudoso Manuel José Gomes Tubino que criou, em colaboração com Antônio Paim e
Ricardo Vélez Rodríguez, e com a ajuda técnica de Maria Clutilde Pinto de
Abreu, do Instituto de Humanidades, o Núcleo de Ensino à Distância (NEAD) que,
entre 1994 e 2002, ofereceu cursos de formação política de alcance nacional nas
temáticas de Social-Democracia, Liberalismo e Socialismo, com a edição integral,
pela editora da Universidade Gama Filho, dos livros introdutórios e do material
instrucional. Exemplo desse tipo de iniciativa foi o curso à distância
intitulado: Formação e perspectivas da social-democracia (1997, em 6 volumes,
obra em colaboração com Carlos Henrique Cardim, coordenador do Curso e Ricardo
Vélez Rodríguez, publicada em coedição pela Universidade Gama Filho e o
Instituto Teotônio Vilela).
A ideia de Paim era que a Universidade oferecesse um espaço
de análise crítica das várias doutrinas políticas, que favorecesse a formação
de lideranças partidárias e de analistas a serviço de empresas e centros
educacionais e de pesquisa.
O professor Paim promoveu, ainda, no contexto dessa ampla
iniciativa educacional e cultural, a reedição de pensadores políticos
brasileiros, notadamente no contexto das edições críticas efetivadas pelo
Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro por ele criado em Salvador.
Expressão desse tipo de obra é o Dicionário Biobibliográfico de Autores
Brasileiros (por ele organizado e que abarca as áreas de Filosofia, Pensamento
Político, Sociologia e Antropologia; a obra foi editada pelo Senado Federal em
1999, em parceria com o CDPB). Desenvolveu também pesquisa em que estudou a
hipótese da aplicação ao Brasil da categoria de Estado Patrimonial (A querela
do estatismo, 1ª edição, 1978; 2a. edição, 1994).
3) Estudo das idéias morais e educacionais no Brasil.
A este tema o professor Antônio Paim dedicou diversos
ensaios: Tratado de Ética (Londrina: Instituto de Humanidades / Edições
Humanidades, 2002). Outras obras sobre essa temática são: Modelos éticos
(Curitiba: Champagnat,1992) e Fundamentos da Moral Moderna (Curitiba:
Champagnat, 1994). A fim de estimular a pesquisa nessa área publicou o Roteiro
para estudo e pesquisa da problemática moral da cultura brasileira (Londrina:
UEL, 1996).
Ao longo de todos esses anos como professor de filosofia e
estudioso da cultura brasileira, interessou-se vivamente pelo tema da educação
no Brasil, tendo escrito a obra intitulada: A Universidade do Distrito Federal
e a idéia de Universidade (1981), tendo chegado à conclusão de que sem mudar o
modelo único vigente, puramente profissionalizante, não haveria renovação
verdadeira do ensino superior.
Organizou, como já foi frisado, o Instituto de Humanidades,
com sede em São Paulo e posteriormente transladado a Londrina, com a finalidade
de retomar a tradição humanista do ensino brasileiro e de contribuir para a
recuperação da Escola Fundamental, concebida como grau terminal destinado à
formação para a cidadania.
Ainda no âmbito das atividades culturais, desenvolveu
trabalho intenso de reedição de livros de autores brasileiros, tendo
participado da organização da "Estante do Pensamento Brasileiro",
coleção dirigida por Miguel Reale; da "Biblioteca do Pensamento
Brasileiro", dirigida por Adolpho Crippa; da "Coleção Pensamento
Político Republicano", organizada por Carlos Henrique Cardim; e da direção
da "Coleção Reconquista do Brasil", da Editora Itatiaia,
presentemente com cerca de trezentos títulos, onde, entre outras, reeditou a
obra de Francisco José de Oliveira Vianna (1883-1951), inclusive textos que
permaneceram inéditos por mais de quarenta anos. Juntamente com Paulo
Mercadante organizou novo plano da Obra Completa de Tobias Barreto (1839-1889),
afinal levada a cabo e ampliada por Luiz Antônio Barreto (edição em dez
volumes, publicados entre 1989 e 1990).
Na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na
Universidade Gama Filho orientou, respectivamente, 18 dissertações de mestrado
e 14 teses de doutorado, atividade que exerceu também na Universidade Mackenzie
(São Paulo), onde orientou três dissertações de mestrado. Participou, também,
em grande número de cursos de extensão, seminários, congressos e bancas de
concurso.
Seu pensamento tem sido objeto de vários estudos. Em 1995,
mereceu apreciação de professores e pesquisadores do pensamento brasileiro
reunidos em Londrina, num encontro nacional. Os estudos foram compilados na
obra intitulada: Anais do 4º. Encontro Nacional de Professores e Pesquisadores
da Filosofia Brasileira (Londrina, 1996).
Ao completar 70 anos, a Revista Brasileira de Filosofia
dedicou-lhe número especial (fascículo 186; abril-junho 1997), com artigos de
João de Scantimburgo, Eduardo Soveral, Anna Maria Moog Rodrigues, Aquiles
Côrtes Guimarães, Creusa Capalbo, Luiz Antônio Barreto, Leonardo Prota, Paulo
Mercadante e Ricardo Vélez Rodríguez.
Com motivo dos seus 80 anos, os professores Leonardo Prota e
Aquiles Côrtes Guimarães organizaram a obra intitulada: Filosofia e cultura -
Escritos em homenagem a Antônio Paim (Londrina: Edições Humanidades, 2009), na
qual foram publicados ensaios de António Braz Teixeira, Aquiles Côrtes
Guimarães, Anna Maria Moog Rodrigues, Leonardo Prota, Creusa Capalbo, José
Maurício de Carvalho, Luiz Oswaldo Leite, Selvino Antônio Malfatti, Regina
Coeli Barbosa Pereira, Rosilene de Oliveira Pereira, Emmanuel Carneiro Leão,
Tiago Tondinelli, Dinorah D´Araújo Berbert de Castro e Ricardo Vélez Rodríguez.
Sobre a sua trajetória existencial prestou depoimento a
Beatriz Marinho, inserido no Suplemento Cultura de O Estado de São Paulo
(edição de 25 de agosto de 1985). Publicou quarenta livros e opúsculos,
aproximadamente cem ensaios (totalizando 1.400 páginas até dezembro de 1997) e
425 artigos (totalizando 930 páginas).
II. Antônio Paim, historiador das idéias.
Antônio Paim aparece entre os mais importantes historiadores
das idéias no Brasil ao longo dos séculos XX e XXI, ao lado de figuras como
Silvio Romero, Miguel Reale, Luiz Washington Vita, Djacir Menezes e outros. O
seu mérito é duplo. Em primeiro lugar, ao ter formulado, de maneira clara e
objetiva, a metodologia que deveria ser posta em marcha no terreno da história
das idéias filosóficas. Em segundo lugar, ao ter estendido a sua análise
histórico-crítica a quatro segmentos básicos da cultura brasileira: as idéias
filosóficas, as idéias educacionais, as idéias políticas e a historiografia
brasileira propriamente dita.
Sem pretender elaborar uma visão que esgote a significativa
contribuição do nosso autor, resenharei, aqui, os seus principais aportes nos
seguintes terrenos: história das ideias filosóficas; história das ideias
educacionais; história das ideias políticas; historiografia brasileira;
organização político-partidária; reflexão filosófica luso-brasileira.
1) Contribuição de Antônio Paim no terreno da história das
idéias filosóficas.
Os três trabalhos mais representativos do nosso autor neste
campo são a sua clássica obra: História das idéias filosóficas no Brasil
[1967]; Problemática do culturalismo [1995] e O estudo do pensamento filosófico
brasileiro [1979].
Destaquemos, em primeiro lugar, a fundamentação metodológica
que Paim dá à tarefa do historiador das idéias no terreno da filosofia. A
criação filosófica, de acordo com o nosso autor [cf. Paim, 1995: 97-120; 1986:
164-176; 1984: 3-18] desenvolve-se em três grandes patamares: o da formulação
de perspectivas, o da construção de sistemas e o da discussão de problemas.
No primeiro patamar temos as duas perspectivas filosóficas:
a transcendente (que parte do pressuposto de que a razão humana pode ir até à
substância das coisas, ultrapassando os fenômenos) e a transcendental (que
parte do pressuposto de que a razão não tem o condão de apreender a substância
das coisas, mas apenas a sua manifestação fenomenal).
Formulador da primeira perspectiva foi Platão, sendo que
Aristóteles teria dado importante contribuição, ao sistematizá-la na sua
metafísica da substância. Paim considera que a segunda perspectiva, a
transcendental, foi intuída por Hume e sistematizada por Immanuel Kant. Esta
nova perspectiva estaria mais de acordo com a fundamentação epistemológica da
nova física formulada por Galileu e Newton.
As perspectivas filosóficas são irrefutáveis, constituindo
pontos de vista últimos para o conhecimento. A criação filosófica neste terreno
não teve novos acréscimos após a formulação das perspectivas mencionadas, visto
que elas esgotam as alternativas possíveis.
No segundo patamar, segundo o nosso autor, temos a
construção de sistemas. Ora, esta forma de criação filosófica teria encontrado
o seu apogeu ao longo do período moderno, notadamente entre os séculos XVII a
XIX. Hoje a filosofia não tem como forma de elaboração a construção de
sistemas, em decorrência, talvez, da complexidade crescente do saber científico
e da velocidade em que evolui a problemática humana nas várias sociedades.
No terceiro patamar da criação filosófica, segundo Paim,
temos a discussão de problemas. Esta variante, que teria sido formulada por
Nicolai Hartmann, constitui hoje a forma básica da criação filosófica. A
metodologia para o estudo das idéias filosóficas deve, portanto, ajustar-se a
ela.
Partindo da contribuição culturalista de Miguel Reale, no
que tange à originalidade da problemática filosófica brasileira, o nosso autor
explicitou o método que deveria ser seguido nesse tipo de historiografia. Esse
método constaria de três etapas: em primeiro lugar, indagar qual era o problema
ou os problemas que preocupavam ao pensador objeto de estudo; em segundo lugar,
observar a forma em que ele tentou responder a essa problemática; em terceiro
lugar, traçar elos de relação e derivações entre o pensador estudado e outros
pensadores, mas somente a partir da forma em que eles resolveram os problemas
que tinham decidido equacionar.
Alicerçado nessa metodologia que Paim não duvida em basear
na perspectiva transcendental, o nosso autor partiu, na sua obra de historiador
das idéias filosóficas, para um estudo desapaixonado e objetivo dos vários
períodos da nossa meditação. A sua História das idéias filosóficas no Brasil é
testemunho insofismável da abertura a todos os autores e a todas as correntes,
superando definitivamente o vício apologético, que classificava pensadores por
simpatias de sistema ou de ideologia.
Como não podia deixar de ser, esse seu pluralismo e a
objetividade com que analisa os pensadores brasileiros, tem constituído o
motivo fundamental do ódio dos seus adversários, incapazes de aceitar o livre
estudo e o debate aberto das idéias. Pode-se tributar essa circunstância à
presença muito marcante, na nossa cultura, da tradição cientificista, aliada às
propostas autoritárias e totalitárias no terreno da política.
Testemunho desse confronto entre espírito liberal e
dogmatismo totalitário, deixou o nosso pensador na coletânea organizada por ele
e intitulada Liberdade acadêmica e opção totalitária [1979], em que foram
divulgados os principais artigos e comentários de imprensa, acerca dos
episódios de patrulhamento ideológico de que foi objeto conhecido texto de
Miguel Reale, na PUC do Rio de Janeiro.
A contribuição de Antônio Paim no terreno da historiografia
das idéias filosóficas teve também duas manifestações institucionais: em
primeiro lugar, na organização em 1982, por ele, a partir da sua biblioteca
pessoal, do Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, em Salvador,
Bahia, que constitui hoje o mais importante acervo existente no Brasil para a
pesquisa das idéias filosóficas, sociológicas e antropológicas.
A segunda contribuição institucional de Antônio Paim, no
campo da historiografia das idéias filosóficas, foi constituída pela
organização dos cursos de pós-graduação em pensamento brasileiro, primeiro na
PUC do Rio de Janeiro, com a colaboração de Celina Junqueira (no período
compreendido entre 1972 e 1978) e logo na Universidade Gama Filho (no período
compreendido entre 1979 e 1984), onde o nosso autor colaborou com Tarcísio
Padilha e Eduardo Abranches de Soveral na criação do doutorado em pensamento
luso-brasileiro.
A essas iniciativas devem juntar-se mais duas: a criação do
mestrado em filosofia brasileira, na Universidade Federal de Juiz de Fora, curso
que vingou entre 1984 e 1994 e a realização bianual, com a colaboração de
Leonardo Prota no Centro de Estudos Filosóficos de Londrina, entre 1989 e 2003
e com o apoio da Universidade Estadual de Londrina, dos Encontros Nacionais de
Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira.
Um resultado salta à vista dessa contribuição institucional
de Antônio Paim: a formação, ao longo dos últimos vinte anos, de toda uma
geração de estudiosos e pesquisadores da filosofia brasileira, disciplina que,
no início deste milênio, era ensinada em mais de 25 Universidades ao longo do
país, em que pese os preconceitos ainda remanescentes em setores da burocracia
do MEC.
Não poderia deixar de ser ressaltada, outrossim, a
contribuição de Antônio Paim, no campo da divulgação do pensamento brasileiro
em empreendimentos editoriais. Essa realização já tinha sido iniciada, nos anos
sessenta, com a sua dedicada colaboração no Instituto Brasileiro de Filosofia,
instituição que, sob a presidência de Miguel Reale, criou a Estante do
Pensamento Brasileiro.
A essa iniciativa pioneira, nas décadas seguintes têm dado
continuidade outras: as monografias e bibliografias de períodos e de pensadores,
publicadas pelo nosso autor no Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro
em Salvador Bahia; a coleção Textos Didáticos do Pensamento Brasileiro,
publicada na PUC do Rio de Janeiro, ao longo dos anos setenta, com a
colaboração de Celina Junqueira; a Enciclopédia luso-brasileira de filosofia
[1989-1992], publicada em Lisboa pela Universidade Católica Portuguesa e em
cuja elaboração o nosso autor teve papel de destaque; a Biblioteca do
Pensamento Brasileiro organizada pela Editora Convívio em São Paulo, ao longo
da década de oitenta, sob a orientação de Adolpho Crippa, Miguel Reale e
Antônio Paim; as múltiplas edições de textos de pensadores brasileiros e dos
Anais dos Encontros Nacionais de Professores e Pesquisadores da Filosofia
Brasileira, realizados, sob a sua inspiração, pelo Centro de Estudos
Filosóficos de Londrina; a publicação das Obras completas de Tobias Barreto
[1990] pelo Instituto Nacional do Livro e com a colaboração de Luiz Antônio
Barreto, etc.
2) Contribuição de Antônio Paim no terreno da história das
idéias educacionais.
Para os que temos tido o privilégio de trabalhar com Paim,
não há dúvida de que ele é um autêntico educador, ou seja, aquele que consegue,
mediante o diálogo intelectual e o exemplo, incutir nos seus alunos e
orientandos hábitos de amor à verdade, de coragem na sua defesa, de rigor
científico na pesquisa, de tolerância perante as outras opiniões ou doutrinas,
de modéstia epistemológica diante das próprias descobertas e de persistência e
de colaboração nos empreendimentos culturais.
Alicerçado nessa vivência de educador, Antônio Paim tem
desenvolvido interessante trabalho de crítica histórica e culturológica aos
descaminhos da educação brasileira. Para Paim [cf. 1981; 1982; 1983b], ela
entrou em crise, ao longo das últimas décadas, pelo fato de ter se esquecido da
formação da pessoa humana, embalada, a partir das reformas dos anos sessenta,
pelos sonhos do saber puramente aplicado, retomando o praticismo que já tinha
sido criticado, nos anos trinta, por
Anísio Teixeira e que, aliado ao corporativismo, fez submergir a Universidade
brasileira na crise de imediatismo e de mediocridade que hoje a assoberba.
Essa tradição de imediatismo é polarizada por Paim ao redor
de três variáveis: massificação, profissionalização e super-especialização. O
nosso autor considera que é tanto mais difícil superar esse estado de coisas,
quanto que ele se enraíza em velha tradição, de origem despótico-ilustrada
(Pombal), reforçada pela concepção positivista, que inspirou as reformas
educacionais ocorridas no período republicano.
A educação brasileira somente poderá ser renovada se
superar, de forma radical, o vezo profissionalizante, mediante a volta ao
estudo das humanidades. O nosso autor elaborou completa proposta de formação
humanística, no seu ensaio intitulado As humanidades e a universidade
brasileira [1983a] e no Curso de Humanidades [1988] elaborado com a colaboração
de Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez. (A fim de veicular as idéias deste
curso e discutir de forma sistemática os problemas da educação humanística, foi
criado em São Paulo, como já foi indicado, o Instituto de Humanidades).
A pressuposição deste curso é a seguinte: somente se pode
combater uma tradição com outra. A tradição cientificista da cultura luso-brasileira,
somente poderá ser combatida com a retomada de outra tradição que já esteve
presente nas nossas origens culturais, mas que foi esquecida: trata-se da
tradição humanística.
Paim centra essa retomada ao redor do estudo da história da
cultura, que não é outra coisa senão a identificação histórica dos valores que
fizeram emergir e consolidar a cultura ocidental. Com a finalidade de situar o
estudo da moral nesse contexto, o nosso autor publicou duas obras: Modelos
éticos: introdução ao estudo da moral [1992] e Fundamentos da moral moderna
[1994b]. Essa abordagem foi completada no Curso de humanidades 3- Moral
[1997a], de autoria de Paim, Prota e Vélez Rodríguez.
Mas se a educação humanística permite aos nossos jovens se
converterem em cidadãos do mundo, é necessário também, no sentir de Paim,
equacionar a questão urgentíssima da educação para a cidadania. Sem ela não
poderá vingar no Brasil a prática da democracia liberal, a única que
verdadeiramente consolida a modernidade. Para atingir essa meta, é urgente,
considera o nosso autor, que se quebre o modelo encadeado, atualmente vigente,
de ensino primário / ensino secundário / ensino universitário, para um modelo
que faça de cada uma dessas séries etapa independente.
O ensino primário, assim, seria terminal e teria como
finalidade primordial formar a consciência cidadã e dotar as crianças dos
conhecimentos mínimos necessários para a sua inserção na sociedade. Esse
processo de educação para a cidadania, segundo o nosso autor, deveria se
concentrar nas quatro primeiras séries do primeiro grau. A sua proposta
pedagógica, alicerçada na fixação dos valores que historicamente deram coesão à
nossa sociedade, foi exposta na obra intitulada Educação para a cidadania -
Compêndio [1996b], escrita em colaboração com Leonardo Prota e Ricardo Vélez
Rodríguez.
3) Contribuição de Antônio Paim no terreno da história das
idéias políticas.
Dois empreendimentos, um no terreno da pesquisa, outro no
campo pedagógico, constituem as mais importantes contribuições de Antônio Paim,
no que tange à história das idéias políticas.
No terreno da pesquisa, sobressaem, entre muitos ensaios, as
suas obras intituladas A querela do estatismo [1994b] e O liberalismo
contemporâneo [1995]. Já no relativo à divulgação da nossa história do
pensamento político, destaca-se Pensamento político brasileiro [1994c], em
treze volumes, obra coordenada pelo nosso autor e que constitui a base didática
para o curso à distância oferecido pela Universidade Gama Filho. Foi publicado
também o Curso de Introdução histórica ao liberalismo [1996a], oferecido à
distância conjuntamente pela Universidade Gama Filho e pelo Instituto de
Humanidades, sob a coordenação de Antônio Paim.
Analisemos a posição historiográfica e crítica de Antônio
Paim, no que tange às ideias políticas. O nosso autor [cf. Paim, 1994a]
considera que a formação política brasileira se insere na tipologia do Estado
patrimonial weberiano, cujas duas caraterísticas marcantes seriam a realidade
de um Estado centrípeto mais forte do que a sociedade e a fragilidade do tecido
social ou insolidarismo privatista, que leva os grupos e estamentos a tentarem
se apropriar do poder político em seu exclusivo benefício e em prejuízo da
maioria.
Esse modelo deu ensejo à organização e posterior tentativa
de modernização do Estado português sob Pombal (o nosso autor propõe a
tipologia de patrimonialismo modernizador ou neo patrimonialismo, para caracterizar esse momento) e passou à
elite que fez a independência e organizou os nossos primeiros institutos de
educação superior. Ao longo do século dezenove, no entanto, a realidade do
Estado patrimonial teria sido relativizada no Brasil graças à prática do
parlamentarismo, de inspiração liberal. Mas, com a queda do Império e a
ascensão do modelo republicano castilhista, de inspiração positivista, teria se
reforçado o patrimonialismo brasileiro, embora embalado em projeto modernizador
autoritário no momento getuliano [cf. Paim, 1994a: 129 segs.].
O nosso autor encontra uma única solução para o Brasil sair
do patrimonialismo e enveredar rumo à plena modernidade: a abertura ao
capitalismo, abandonando a antiquada política monopolística e mercantilista
presidida pelo Estado empresário [cf. Paim, 1994a: 175-200] e empreendendo o
progressivo desmonte do cartorialismo estatal mediante a construção de
instituições políticas a serviço da liberdade cidadã. Nessa empreitada é
imprescindível desenvolver, no interior da cultura brasileira, o interesse
pelas idéias liberais, hoje abandonadas pela grande maioria dos políticos e
intelectuais. Para isso, o nosso autor propõe-se a divulgar as principais teses
do liberalismo contemporâneo [cf. Paim, 1995; 1996a].
Nos últimos anos Paim desenvolveu alentada pesquisa acerca
da forma em que o Brasil poderia sair do Patrimonialismo, na obra intitulada: O
Patrimonialismo brasileiro em foco (Campinas: Vide Editorial, 2015, com a
colaboração de: Antonio Roberto Batista, Paulo Kramer e Ricardo Vélez
Rodríguez). O nosso autor destaca que a evolução política do Brasil ao longo
dos últimos anos demonstra cansaço da sociedade com as consequências do
Patrimonialismo, como a corrupção sistêmica que a todos empobrece. É o momento,
frisa Paim, de recolocar a questão de como superarmos essa realidade de
séculos.
A respeito, o nosso autor frisa: "(...) Sobressaía
mesmo era a tolerância com aquilo que tipifica o patrimonialismo: o
encastelamento em determinados núcleos do aparelho burocrático estatal de
indivíduos que se valiam da circunstância para se locupletarem e, porque não
dizê-lo, cuidar do próprio enriquecimento. O quadro presente é totalmente
diverso. Do país parece ter-se apossado o sentimento de repúdio aos escândalos
de corrupção. É provável que a mudança se deva ao processo judicial que passou
á história com o nome de mensalão, quando o crime de apropriação indébita de
recursos públicos veio a ser punido, estabelecendo uma fratura na tradição de
impunidade. Agora a imprensa associa diretamente a corrupção ao patrimonialismo
e diz-se até que é preciso pôr fim a esse estado de coisas, se de fato queremos
retomar a trilha do desenvolvimento sustentado" (ob. cit., pg. 8).
O nosso autor recolhe a luva da luta contra o
Patrimonialismo nestes termos: "Urge portanto disciplinar a discussão do
problema, sem o que não lograremos maiores êxitos nessa batalha. Defrontamo-nos
com uma longa e arraigada tradição que não será ultrapassada de modo fácil e
ligeiro" (ob. cit., pgs. 8-9). Na obra em apreço, Paim retoma o estudo dos
conceitos básicos da sociologia weberiana para compreender o patrimonialismo,
coloca a questão da estatização brasileira e como superá-la, analisa os
ensinamentos da privatização russa, faz um balanço das lições que podemos
aprender com os projetos de privatização ensejados pelas políticas adotadas na
Comunidade Européia e parte para a discussão de dois pontos que se projetam
sobre a realidade brasileira: a discussão do novo pacto federativo e os efeitos
da ascensão das igrejas evangélicas no desmonte do patrimonialismo. A obra é
uma prova insofismável da energia espiritual que anima a Antônio Paim no
momento em que completa os seus noventa anos.
4) Contribuição de Antônio Paim no terreno da historiografia
brasileira.
Na obra intitulada: Momentos Decisivos da História do Brasil
(1ª edição, São Paulo: Martins Fontes, 1998; 2ª edição, Campinas: Vide
Editorial, 2014) Paim expõe a sua concepção historiográfica. Nela, o autor
parte de um imperativo moral: há momentos em que é necessário travar, com
coragem e espírito de desprendimento pessoal, lutas decisivas em prol do futuro
da nação. O nosso autor reproduz, como epígrafe, as seguintes palavras de um
Hino de James Russel Lowell, da Igreja Presbiteriana:
"Há momentos decisivos
Para a Pátria, para o lar
Quando a escolha é necessária
E há verdade a sustentar.
Grandes causas e conflitos
Pedem nobres campeões
E a batalha hoje vencida
Valerá por gerações".
Estamos vivendo, considera Paim, um desses momentos
decisivos.
Eis a forma em que o nosso autor identifica esse momento:
"Momentos decisivos de nossa história são aqueles nos quais o país poderia
ter seguido rumo diverso do escolhido. Vejo três desses momentos, com perdão de
Tobias Barreto para quem, por sua conotação cabalística, o número três nunca
deveria ser invocado nas análises que aspirassem à consistência. O primeiro
configura-se nos séculos iniciais, quando escolhemos a pobreza e nos deixamos
ultrapassar pelos Estados Unidos, depois de termos sido mais ricos. O segundo
no século XIX, quando optamos pela unidade nacional, mas nos revelamos
incapazes de consolidar o sistema representativo. Finalmente o terceiro, no
século XX, quando estruturamos em definitivo o Estado Patrimonial, recusando
terminantemente o caminho da democracia representativa. Neste fim de milênio
pode estar sendo decidido um quarto momento que, entretanto, somente se
apresenta como interrogação: seremos capazes de enterrar o
patrimonialismo?" [Paim, 1997b: 4].
Na conclusão da obra em apreço ("Como sair do
Patrimonialismo"), o nosso autor escreve: "Os liberais estão mais ou
menos de acordo em que o Brasil não pode ser denominado de país capitalista. As
divergências aparecem quando se trata de caracterizá-lo. Prefiro a designação
de patrimonialismo, desde que se trata de uma categoria muito estudada que não
está obrigatoriamente identificada com determinado ciclo histórico (como se dá,
por exemplo, com o mercantilismo). Tampouco temos clareza quanto às formas de sair
do patrimonialismo. Levando em conta o fato de que repousa em sólidas tradições
culturais, formadas a partir da Contra-Reforma, o florescimento das religiões
protestantes poderia levar ao capitalismo (a hipótese foi fundamentada por um
estudioso inglês - David Martin - à luz do atual desenvolvimento das Igrejas
Evangélicas). A outra alternativa corresponderia à educação. Louvando-se da
abundante literatura hoje disponível acerca do milagre dos Tigres Asiáticos
(onde o desenvolvimento é também referido tanto à base moral, que seria
facultada pelo confucionismo, como à educação), Roberto Campos entende que o
problema reside na adequada formulação de políticas. Nesse particular, a
privatização representaria significativa contribuição, tema que merece ser considerado
se quisermos compreender as dificuldades que se interpõem à eliminação do
Estado Patrimonial" [Paim, 1997b: 196].
5) Contribuição de Antônio Paim no terreno da organização
político-partidária.
O nosso autor é, no sentido estrito do termo, um doutrinário,
ou seja, um pensador liberal que não fica apenas na teoria, mas que leva as
suas ideias políticas à prática da opção partidária.
Paim e Roberto Campos (1917-2001), aliás, deram testemunho
dessa variante prática do liberalismo que os animou: ambos entraram na luta
político-partidária, Campos no PDS (agremiação através da qual se elegeu
senador por Mato Grosso) e no PPR (partido no qual se elegeu deputado federal
pelo Rio de Janeiro). Desde o começo da abertura política em 85, Antônio Paim
filiou-se ao antigo PFL, depois convertido no DEM.
Já nos primórdios da preparação da Constituição de 1988,
Antônio Paim elaborou projetos na área da reformulação político-partidária e da
representação, discutindo por exemplo, na respectiva comissão parlamentar, a
questão do voto distrital, opção que o senador peemedebista José Richa defendeu
na Constituinte. Acompanhei o meu amigo nessa empreitada, que terminou sendo
malsucedida por força da reação de figuras do nascente PSDB, como Mário Covas,
que achavam que o voto distrital atrapalharia os seus projetos eleitorais.
No Partido da Frente Liberal, a ação de Antônio Paim foi
definitiva em termos de esclarecer os quadros partidários no que tange ao
aperfeiçoamento da representação, às privatizações, à formulação das políticas
em ciência e tecnologia, à reforma partidária para garantir uma mais verdadeira
representação de interesses do eleitorado, ao papel das Forças Armadas, etc.
Paim foi o assessor mais importante do presidente do PFL, o
senador Jorge Bornhausen. Já foi ilustrada a forma em que na Universidade Gama
Filho o nosso autor complementou este trabalho com os cursos de aperfeiçoamento
de quadros oferecidos por essa instituição através do Núcleo de Ensino à
Distância, com abertura para o estudo das opções programáticas das várias
organizações político-partidárias.
Não há dúvida de que, nas próximas décadas, as novas
gerações de intelectuais e ativistas liberal-conservadores encontrarão, nos
escritos de Antônio Paim relativos a conjuntura política e à elaboração de
programas político-partidários, valiosíssimo material que poderá inspirar a sua
ação, no que tange a revitalizar a representação política. De outro lado, serão
de igual valia os alertas feitos pelo nosso autor em face do risco das opções
totalitárias, por ele analisadas com rigor crítico e grande integridade
intelectual.
No esforço em prol de melhor entender os desafios hodiernos
da prática da representação, Antônio Paim tem acompanhado de perto o processo
histórico seguido pelos partidos políticos europeus, notadamente na França,
cujas características sócio históricas se aproximam das etapas percorridas pelo
Brasil na evolução política do ciclo republicano. A revista Carta Mensal, da
Confederação Nacional do Comércio (a cujo Conselho Técnico Paim pertence desde
os anos 80) recolheu essas contribuições, que foram publicadas ao longo das
décadas de 80 e 90 do século passado e no primeiro decênio deste milênio. De
forma semelhante, o conjunto dos seus artigos de jornal publicados
regularmente, no período apontado, no Estado de S. Paulo e no Jornal da Tarde,
bem como no Jornal do Brasil, são documentos de grande valor nesse contexto.
Na tentativa em prol de ajudar a elaborar uma agenda
estratégica de inspiração liberal para as Forças Armadas, é digna de menção a
participação de Antônio Paim como assessor do Ministério da Aeronáutica sob o
comando do brigadeiro Moreira Lima (ao longo do governo Sarney: 1985-1990), de
que surgiu a sua obra intitulada: O modelo de desenvolvimento tecnológico
implantado pela Aeronáutica (Rio de Janeiro: Instituto Histórico Cultural da
Aeronáutica, 1987).
6) Contribuição de Antônio Paim no terreno da reflexão
filosófica luso-brasileira.
O diálogo filosófico com Portugal tem sido um dos campos em
que mais se destacou a reflexão de Antônio Paim. Essa preocupação tinha sido
levantada quando da criação do programa de pós-graduação em Filosofia
Luso-Brasileira na Universidade Gama Filho, no final dos anos 70, após o
fechamento do mestrado em Pensamento Brasileiro na PUC, por pressão do padre
Lima Vaz.
A reflexão sobre a diversidade dos processos intelectuais
ocorridos em Portugal e no Brasil foi identificada como uma das linhas de
pesquisa marcantes do programa. A contribuição de Eduardo Abranches de Soveral
foi definitiva para que se consolidasse essa linha de reflexão. Ulteriormente,
Antônio Paim estimulou o professor Leonardo Prota para que, nos Encontros
Nacionais de Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira (realizados a
cada dois anos em Londrina entre 1989 e 2002), fosse focalizado o diálogo entre
as filosofias nacionais, notadamente no contexto da cultura luso-brasileira.
Dessa vertente de reflexão-ação surgiram importantes
realizações. Em primeiro lugar, a criação do Instituto de Filosofia
Luso-Brasileira, ao ensejo do Congresso de Filosofia Portuguesa e Brasileira
reunido em Braga em 1981. O Instituto contribuiu para o incremento da pesquisa
das relações entre os processos filosóficos em Portugal e no Brasil. Entre 1982
e 2014 foram realizados vários colóquios, no Brasil (com o nome de Antero de
Quental, nos anos ímpares) e em Portugal (com o de Tobias Barreto, nos anos
pares).
Grande foi a plêiade de pensadores portugueses e brasileiros
que participaram desses eventos que, no Brasil, a partir da primeira década
deste século, passaram a ter a coordenação eficaz do jovem professor José
Maurício de Carvalho, formado na Pós-graduação em Pensamento Brasileiro da
Universidade Federal de Juiz de Fora e no doutorado em Pensamento
Luso-Brasileiro na Gama Filho).
Nesse campo da reflexão luso-brasileira, Paim contou com a
colaboração, do lado português, dos professores Eduardo Abranches de Soveral,
António Braz Teixeira, José Esteves Pereira e Francisco da Gama Caeiro,
sobressaindo também a participação de outros pesquisadores portugueses como
Pedro Calafate e Manuel Cândido Pimentel. Do lado brasileiro, as figuras que
mais estreitamente colaboraram com Paim foram Anna Maria Moog Rodrigues,
Aquiles Côrtes Guimarães, José Maurício de Carvalho, o saudoso Ítalo da Costa
Joia, Constança Marcondes César, Francisco Martins de Souza, Rosa Mendonça de
Brito, o saudoso Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez. Algumas instituições
universitárias somaram-se a essas iniciativas, como a Universidade Católica
Portuguesa, tanto da sede de Lisboa quanto da do Porto, esta sob a orientação
do reitor desse claustro, monsenhor Arnaldo de Pinho.
A mais significativa realização foi a publicação, entre 1989
e 1992, dos cinco volumes de Lógos - Enciclopédia Luso Brasileira de Filosofia
Lisboa / São Paulo: Editorial Verbo), edição realizada sob o patrocínio da
Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa, com a direção de Roque Cabral, Francisco da Gama Caeiro,
Manuel da Costa Freitas, Alexandre Fradique Morujão, José do Patrocínio Bacelar
de Oliveira e Antônio Paim, tendo-se encarregado da Secretaria Geral do
empreendimento João Bigotte Chorão.
Também participou dos projetos desenvolvidos com a
colaboração do Paim a Universidade Nova de Lisboa, cujo vice-reitor é o
professor Esteves Pereira. Destaque-se, aqui, o apoio recebido pelo nosso autor
para a conclusão da sua magna obra intitulada: Marxismo e descendência
(Campinas: Vide Editorial, 2009).
Não poderia deixar de registrar, aqui, a colaboração que o
Professor Paim prestou, no período compreendido entre 2002 e 2013, à reflexão
política no contexto luso-brasileiro e mundial, nos seminários e colóquios
programados pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica
Portuguesa em Lisboa, dirigido por João Carlos Espada. O Professor Paim forma
parte do conselho editorial da Revista Nova Cidadania publicada pelo IEP.
Por outra parte, os Anais dos Colóquios luso-brasileiros de
Filosofia têm sido publicados regularmente em Portugal (sob os cuidados de Braz
Teixeira e Esteves Pereira) e no Brasil (com a coordenação de José Maurício de
Carvalho na Universidade Federal de São João de Rei).
BIBLIOGRAFIA
de
Antônio Paim
Livros
[1966] A filosofia da Escola do Recife. 1a. edição. Rio de
Janeiro: Editora Saga. 2a. edição. São Paulo: Convívio, 1981.
[1967] História das idéias filosóficas no Brasil. 1a.
edição. São Paulo: Grijalbo/Edusp, (Prêmio Instituto Nacional do Livro de
Estudos Brasileiros - 1968). 2a. edição, São Paulo: Grijalbo/Edusp 1974. 3a.
edição, São Paulo: Convivio/Instituto Nacional do Livro, 1984 (prêmio Jabuti-85
de ciências humanas, concedido pela Câmara Brasileira do Livro). 4a. edição,
São Paulo: Convivio, 1987. 5a. edição, Londrina: Editora da Universidade
Estadual de Londrina, 1997.
[1968] Cairu e o liberalismo econômico. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro.
[1972] Tobias Barreto na cultura brasileira: uma
reavaliação. São Paulo: Grijalbo/Edusp (em colaboração com Paulo Mercadante).
[1977] A ciência na Universidade do Rio de Janeiro
(1931-1945). Rio de Janeiro: Iuperj. Reedição revista: A UDF e a idéia de
Universidade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1981.
[1977] Evolução histórica do Liberalismo. Belo Horizonte:
Itatiaia (em colaboração com Francisco Martins de Souza, Ricardo Vélez
Rodríguez e Ubiratan Borges de Macedo).
[1978] A querela do estatismo. 1a. edição, Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro. 2a. edição, revista: A querela estatismo. A natureza dos
sistemas econômicos: o caso brasileiro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994.
3a. edição, de acordo com o texto da primeira edição, Brasília: Senado Federal,
1998.
[1979] Bibliografia filosófica brasileira - Período
contemporâneo (1931-1977). 1a. edição. São Paulo: Edições GDR/Instituto
Nacional do Livro. 2a. edição ampliada: Bibliografia filosófica brasileira - Período
contemporâneo (1931-1980). Salvador: Centro de Documentação do Pensamento
Brasileiro, 1988.
[1979] Liberdade acadêmica e opção totalitária. (Obra
organizada por Antônio Paim). Rio de Janeiro: Artenova.
[1981] A questão do socialismo, hoje. São Paulo: Convivio.
[1981] Os novos caminhos da Universidade. Fortaleza:
Universidade Federal do Ceará.
[1982] Curso de Introdução ao pensamento político
brasileiro. 1a. edição. Brasília: Editora da Universidade de Brasília.
Coordenação juntamente com Vicente Barretto e autoria das seguintes unidades: A
discussão do poder moderador no Segundo Império; Liberalismo, autoritarismo e
conservadorismo na República Velha (em colaboração com Vicente Barretto); O
socialismo; A opção totalitária; Correntes e temas políticos contemporâneos (em
colaboração com Reynaldo Barros); Estudo de caso - Partidos políticos e
eleições após a Revolução de 30. 2a. edição. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho,
1995.
[1982] Pombal na cultura brasileira. (Obra organizada por
Antônio Paim). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro - Fundação Cultural
Brasil/Portugal.
[1983] Bibliografia filosófica brasileira - 1808/1930.
Salvador: Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro.
[1983b] Para onde vai a Universidade brasileira? Fortaleza:
Edições da Universidade Federal do Ceará.
[1984] História das idéias filosóficas no Brasil. 3ª edição
revista e ampliada. São Paulo: Convívio; Brasília: Instituto Nacional do Livro
/ Fundação Pró-Memória.
[1986] O estudo do pensamento filosófico brasileiro. 2ª
edição. São Paulo: Convivio.
[1987] O modelo de desenvolvimento tecnológico implantado
pela Aeronáutica. Rio de Janeiro: Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica.
[1987] Problemática do culturalismo. (Apresentação de Celina
Junqueira). Rio de Janeiro: Graficon. 2a. edição, Porto Alegre: Edipucrs, 1995.
[1988] Curso de Humanidades - 1: História da Cultura. (Obra
em colaboração com Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez). São Paulo: Instituto
de Humanidades, 5 fascículos.
[1989] Curso de Humanidades - 2: Política. (Obra em
colaboração com Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez). São Paulo: Instituto
de Humanidades, 5 fascículos.
[1989] Evolução do pensamento político brasileiro. Belo
Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp (Obra em colaboração com Vicente
Barretto, Ricardo Vélez Rodríguez e Francisco Martins de Souza).
[1989] Oliveira Vianna de corpo inteiro. Londrina: Cefil.
[1991] A filosofia brasileira. Lisboa: Instituto de Cultura
e Língua Portuguesa.
[1992] Modelos éticos: introdução ao estudo da moral.
Curitiba: Champagnat; São Paulo: Ibrasa.
[1994] Fundamentos da moral moderna. Curitiba: Champagnat.
[1994] Pensamento político brasileiro. (Obra organizada por
Antônio Paim). Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 13 volumes.
[1995] O liberalismo contemporâneo. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro.
[1996] Curso de introdução histórica ao liberalismo. (Obra
organizada por Antônio Paim). Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho; Londrina: Instituto de Humanidades, 5 volumes
(em colaboração com Francisco Martins de Souza, Ricardo Vélez Rodríguez e
Ubiratan Borges de Macedo).
[1996] Educação para a cidadania - Compêndio. (Obra em
colaboração com Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez). Londrina:
Universidade Estadual de Londrina / Instituto de Humanidades.
[1996] Roteiro para estudo e pesquisa da problemática moral
na cultura brasileira. Londrina: Editora da Universidade Estadual de Londrina.
[1997] A agenda teórica dos liberais brasileiros. São Paulo:
Massao Ohno/Instituto Tancredo Neves.
[1997] As filosofias nacionais. Londrina: Editora da
Universidade Estadual de Lonsdrina.
[1997] Curso de Humanidades - 3: Moral. (Obra em colaboração
com Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez). Londrina: Universidade Estadual
de Londrina / Instituto de Humanidades.
[1997] Curso de Humanidades - 4: Religião. (Obra em
colaboração com Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez). Londrina:
Universidade Estadual de Londrina / Instituto de Humanidades.
[1997] Momentos decisivos de história do Brasil. São Paulo:
(no prelo).
[1998] Etapas iniciais da Filosofia Brasileira. Londrina:
Editora da Universidade Estadual de Londrina.
[1998] História do Liberalismo brasileiro. São Paulo:
Mandarim.
[1998] O Liberalismo social: uma visão histórica. São Paulo:
Massao Ohno/ Instituto Tancredo Neves. (Obra em colaboração com José Guilherme
Merquior e Gilberto de Mello Kujawski).
[1998] Formação e perspectivas da social-democracia. (Obra
em 6 volumes, em colaboração com Carlos Henrique Cardim e Ricardo Vélez
Rodríguez). Brasília: Instituto Teotônio Vilela.
[1999] Curso de Humanidades - 5: Filosofia. (Obra em
colaboração com Leonardo Prota e Ricardo Vélez Rodríguez). Londrina:
Universidade Estadual de Londrina / Instituto de Humanidades.
[2009]
Ensaios de Antônio Paim
[Foram selecionados os Ensaios mais representativos,
no terreno da história das idéias filosóficas e políticas.]
[1959] "A obra filosófica e a evolução de Tobias
Barreto". Separata da Revista do Livro, no. 14, junho.
[1966] "O ecletismo de Antônio Pedro de
Figueiredo". Separata da Revista Brasileira de Filosofia. São Paulo, no.
61, janeiro/março.
[1966] "Introdução à filosofia contemporânea no Brasil:
a mentalidade positivista". Separata da Revista Brasileira de Filosofia,
no. 64, outubro/dezembro.
[1968] "Graça Aranha e os problemas legados à
posteridade pela Escola do Recife". Revista Brasileira de Filosofia, São
Paulo, no. 72, outubro/dezembro.
[1968] "Silvestre Pinheiro Ferreira e a evolução do
pensamento brasileiro no século XIX (no segundo centenário do seu
nascimento)". Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 76,
outubro/dezembro.
[1970] "O pensamento social e político no Brasil".
Revista Interamericana de Bibliografia. Washington, vol. XX, no. 1,
janeiro/março.
[1971] "Culturalismo e consciência
transcendental". Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 81,
janeiro/março.
[1971] "O culturalismo de Djacir Menezes". Revista
Brasileira de Filosofia. São Paulo, no. 82, abril/junho.
[1971] "A perspectiva transcendental e suas
implicações". Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 83,
julho/setembro.
[1971] "A vertente psicológica do ecletismo na obra de
Eduardo Ferreira França". Universitas, Salvador-Bahia, nos. 8/9,
janeiro/agosto.
[1975] "Salustiano José Pedroza e a formação da
corrente eclética na Bahia". Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo,
no. 99, julho/setembro.
[1975] "Arthur Orlando e a Escola do Recife".
Estudos Universitários, Recife, vol. 15, nos. 3-4.
[1976]. "A superação do empirismo mitigado na obra de
Silvestre Pinheiro Ferreira". Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo,
no. 102, abril/junho.
[1976] "Momentos destacados del pensamiento filosófico
brasileño". Revista Universidad de Medellín. Medellín -Colômbia, no. 22,
julho/setembro.
[1977] "Reale e o ponto de vista da consciência
transcendental". Estudos em homenagem a Miguel Reale. São Paulo: Revista
dos Tribunais.
[1977] "A questão da originalidade do pensamento
filosófico brasileiro". Revista Brasileira de Filosofia. São Paulo, no.
107, julho/setembro.
[1977] "Uma corrente da atualidade filosófica
brasileira: o culturalismo". Revista Interamericana de Bibliografía,
Washington, vol. XXVII, no. 4, outubro/dezembro.
[1978] "Fundamentos morais da cultura brasileira".
Ciências Humanas, Rio de Janeiro, vol. II, no. 5, abril/junho.
[1979] "Situação do pensamento filosófico brasileiro
nos últimos tempos". In: Guillermo Francovich, Filósofos brasileiros. Rio
de Janeiro: Presença, pgs. 101-123.
[1979] "Correntes atuais do pensamento
brasileiro". Presença Filosófica, Rio de Janeiro, vol. 5, no. 3,
julho/setembro.
[1979] "A filosofia e a cultura brasileira". In: A
filosofia e o ensino da filosofia. São Paulo: Convivio, pgs. 228-233.
[1979] "Trajetória da filosofia no Brasil". In:
Mário Guimarães Ferri e Shozo Motoyama (organizadores), História das ciências
no Brasil. São Paulo: Epu/Edusp, pgs. 9-34.
[1979] "O pensamento político positivista na
República". In: Adolpho Crippa (organizador). Idéias políticas no Brasil.
São Paulo: Convivio, vol. II,
pgs. 35-74.
[1981] "O liberalismo na República Velha nas propostas
de Assis Brasil e João Arruda". Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, no.
65-66, abril/setembro.
[1981] "O processo de formação do tradicionalismo
político no Brasil". In: Ciências Humanas, Rio de Janeiro, nos. 18-19,
julho/dezembro.
[1981] "Miguel Reale e a filosofia brasileira".
In: Miguel Reale na Universidade de Brasília. Brasília: Editora da UnB, pg.
91-100.
[1983] "A filosofia do direito no pensamento
brasileiro". In: Revista da Universidade Católica de Petrópolis. no. 5,
julho.
[1983] "As Humanidades e a Universidade brasileira:
proposta para obtenção de novo consenso", in: Humanidades, Brasília, vol.
1 no. 2: pgs. 99-108.
[1984] "O projeto cultural reformador da Escola do
Recife". Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 133,
janeiro/março.
[1985] "35 anos de estudos da Filosofia
Brasileira". In: Los
Ensayistas, Athens, University of Georgia, nos. 18-19.
[1987] "Estudos recentes do pensamento político, da
filosofia do direito e da filosofia da educação". In: Convivium, São
Paulo, no. 2, janeiro/fevereiro.
[1988] "A discussão do voto distrital na
Constituinte". Convivium, São Paulo, no. 2, março/abril.
[1989] "El krausismo brasileño". In: El krausismo
y su influencia en América Latina. Madri: Fundação Friedrich Ebert / Instituto
Fe y Secularidad, pg. 83-98.
[1989] "Um painel das idéias nos cem anos da
República". Revista do Pensamento Brasileiro. Salvador-Bahia, ano I, no.
1, dezembro.
[1989] "A cultura brasileira no momento da criação do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro". Rio de Janeiro: Instituto
Histórico e Geográfico, pg. 59-72.
[1992] "A filosofia da cultura de Eduardo
Soveral". Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, no. 165,
janeiro/março.
[1994] "Os grandes ciclos da Escola Eclética".
Actas do II Colóquio Tobias Barreto. Lisboa: Instituto de Filosofia
Luso-Brasileira.
[1994] "Notas sobre o conceito de filosofia
luso-brasileira". Revista Brasileira de Filosofia., no. 175,
julho/setembro.
[1994] "La filosofia contemporanea in Brasile".
Paradigmi. Revista di Critica Filosofica. Bari, vol. XII, no. 35, maio/agosto.
[1995] "A contribuição de Celso Lafer ao liberalismo
brasileiro contemporâneo". Revista Brasileira de Filosofia. no. 180,
outubro/dezembro.
[1996] "O movimento fenomenológico no Brasil".
Revista Brasileira. Rio de Janeiro, vol. III, no. 9, outubro/dezembro.
[1996] "O significado da noção de interesse para os
liberais brasileiros". Carta Mensal, Rio de Janeiro, no. 490, janeiro.
[1996] "Pronunciamento de Antônio Paim no encerramento
da reunião". In: Leonardo Prota (organizador). Anais do 4o. Encontro
Nacional de Professores e Pesquisadores da Filosofia Brasileira. Londrina:
Editora da UEL / CEFIL, pgs. 193-197.
[1997] "Avaliação crítica da moral
contra-reformista". Ciências Humanas, Rio de Janeiro, vol. 20, no. 1,
junho, pgs. 47-72.
[1998] "Proposta de uma primeira aproximação à
filosofia brasileira". In: Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo,
vol. 44, no. 190 (abril/junho): pgs. 169-180.
© José Luis Gómez-Martínez
Nota: Esta versión electrónica se provee únicamente con
fines educativos. Cualquier reproducción destinada a otros fines, deberá
obtener los permisos que en cada caso correspondan.
[Nota: A parte II desta apresentação, intitulada:
"Antônio Paim, historiador das idéias", fui publicada na Revista
Brasileira de Filosofia, São Paulo, vol. 44, no. 186 (abril/junho 1997):
203-212].
Uma vida dedicada a educação, é um fenômeno brasileiro. Tanta produção intelectual, parabéns pelo privilegio de conviver e reconhece-lo seu mestre.
ResponderExcluirUma vida de dedicação, merece os parabéns.
ResponderExcluirVamos tirar o chapéu a esta grande figura, educação é tudo, bons educadores nos orientam, são faróis.
ResponderExcluirUma boa informação, temos grandes pensadores,
ResponderExcluirfelizmente.
Muito interessante, uma grande homenagem ao MESTRE.
ResponderExcluirDedicado as grandes causas. Parabéns ao aniversariante, deve ser um privilégio conhece-lo.
ResponderExcluir