Tornou-se comum analisar o processo social e
político brasileiro com a categoria radicalidade. A pessoa comum diz que o país
se encontra dividido em duas categorias políticas com as quais ela resume a
disputa política: esquerda e direita. Essas categorias dizem pouco porque, por
exemplo, a social democracia e o socialismo radical encontram-se à esquerda,
mas são projetos distintos. O mesmo se diga da direita onde o tradicionalismo
católico, os segmentos evangélicos e o nazismo estão à direita, embora sejam
muito diferentes entre si. A radicalidade política começa a ser combatida com
conhecimento do processo político e dos seus projetos. É pouco simplesmente tratar
essa questão reduzindo o problema a esquerda e direita. Essa não é uma questão
simplesmente teórica. Na prática nem todo cidadão que critica o governo
Bolsonaro deseja a liderança de Lula e nem todo crítico do Partido dos
Trabalhadores é adepto de Bolsonaro.
Se o primeiro passo para a superação da
radicalidade política é o conhecimento das forças políticas, um segundo passo é
o conhecimento da política como a arte do debate e de construir consensos. Em
outras palavras, a política exige que se converse de forma tranquila com
pessoas de todas as posições. Nesse sentido, faz falta um homem como Tancredo
Neves que era capaz de dialogar de forma aberta com todos os segmentos
políticos e buscar consensos. Isso não apenas se devia à sua disposição
psicológica para a moderação e o equilíbrio, mas ao reconhecimento de que era
necessário construir consensos para além das legítimas disputas pelo poder.
Quando os alemães ocidentais estavam divididos, ao final da Segunda Guerra,
entre aqueles que queriam uma aliança com os Estados Unidos e os que pretendiam
uma política independente, o filósofo Karl Jaspers observou que primeiro era
preciso construir um consenso entorno à organização livre e democrática. A
construção de consensos, para além do apoio à seleção de futebol do país, é
fundamental sob pena de ameaçar nossa existência como nação.
Esses dois passos contemplam a ciência
política e sua prática, mas há um terceiro passo que é imprescindível. Ele depende
da educação humanista e ampla que anda atualmente em baixa em nosso país. Porém,
é esse pensamento que alimenta a reflexão crítica e preserva a racionalidade
contra qualquer atitude indigna dela. Nesse sentido, tem muita importância a
formação filosófica e a capacidade de reflexão. São elas que esclarecem os
princípios e os objetivos da prática política, preservando o essencial da vida
social, os valores estruturantes da sociedade e o destino da humanidade. Por
isso tem sido um desastre o uso da filosofia na defesa de ideologias, tanto à
esquerda quanto à direita, nas redes sociais.
A filosofia é um pensamento que funciona se
independente, não da vida e de seus problemas concretos, mas de posições
radicais que impedem a procura da verdade. Uma independência capaz de buscar no
passado a orientação que importa e de estimular a busca de consensos para viabilizar
o futuro. Todo verdadeiro praticante da filosofia está comprometido não com
ideologias, mas com a liberdade e independência das ideias já estabelecidas
para buscar a verdade. Esse terceiro passo é também fundamental.
Muito bom,nos orienta para ter visão dos fatos.
ResponderExcluirÉ muito bom, liberdade de idéias, ter pensamento crítico.
ResponderExcluirConcordo, politica é a arte de saber dialogar, escutar.
ResponderExcluirCada um pode ter seu ponto de vista, mas democracia deveria ser, a maioria deve ser ouvida, acima de tudo, o bem para todos, sem privilégios.
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