Na
noite do dia 29, a última terça-feira do mês de novembro de 2016, um acidente
aéreo matou 19 dos 22 jogadores da equipe de futebol da Chapecoense. Os
jogadores se dirigiam à cidade de Medellín, na Colômbia, para enfrentar o
Atlético Nacional pelo primeiro jogo da final da Copa sul americana. No voo iam também dirigentes, jornalistas e a
comissão técnica da equipe. A maioria dos tripulantes e passageiros faleceu,
totalizando 71 pessoas.
Diante
desse fato, envolvendo tantas pessoas, a maioria jovem e tantos atletas fica,
em todos nós, a inevitável tentativa de compreender o acidente. E as primeiras respostas
reproduzem os últimos instantes antes do acidente, busca-se entender os fatos,
procuram-se as razões que o provocaram e um cuidadoso estudo se inicia
conduzido pelas autoridades aéreas. Algumas pessoas se satisfazem com as
respostas que nascem daí, faltou combustível, a companhia aérea assumiu um
risco desnecessário, o avião ficou aguardando autorização para pousar, a
gasolina acabou, etc. Mas é claro que se pode ir além dessas respostas. Pode-se
perguntar porque essas coisas acontecem com os homens? Os gregos quando se
viram diante de acontecimentos semelhantes teorizaram sobre a tragédia.
Aristóteles a resume como a luta heroica, narrada de forma elevada e que
termina de forma triste, com a desolação completa ou a morte dos heróis. E esse
sacrifício é incontornável, apesar dos heróis se rebelarem contra o desfecho, não
o desejarem, o fim inevitável mostra a força do destino que a todos arrasta
contra a vontade. A tragédia é o olhar para a vida mesma, com os fatos que a
tipificam, deixando de lado as tentativas de mascarar os desastres ou
mistificar a existência humana.
O
acidente com os jogadores da Chapecoense, até a batida do avião na montanha e a
condução dos corpos e sobreviventes para os hospitais tem todos os componentes
descritos pelos gregos, há os heróis em luta para vencer um grande desafio
(vencer o jogo final do campeonato sul americano), há a narração épica que
enaltece o trabalho dos atletas que se preparam e lutaram para chegar a esse
momento, há o imprevisto e terrível fim que a todos arrasta para um final
impensável e o fracasso, perderam a batalha. Os fatos que se seguem mostram um
final diverso da análise grega.
A
cidade de Chapecó, nesse acidente, não apenas chora seus mortos, mas se
mobilizou, arrumou o estádio para recebe-los, mostrou toda sua dor, mas se
prepara para recomeçar depois de enxugar as lágrimas e enterrar seus mortos. A
tragédia uniu a comunidade, deu-lhe uma base que solidifica, um sentimento de
pertença. Todos os habitantes da cidade torcem para o clube, todos desejam seu
sucesso. Sentindo-se juntos e unidos enfrentarão melhor as adversidades e
vencerão os desafios futuros. As nações precisam partilhar esse sentimento
comum de pertença para funcionarem como uma verdadeira comunidade. Do contrário
serão apenas um agregado de pessoas.
A
cerimônia no estádio de Medellín, realizada na hora do jogo, resume as inúmeras
manifestações de solidariedade humana que ocorreram no Brasil e no exterior. Muitos
torcedores e pessoas ao redor do mundo mostraram sua solidariedade e ofereceram
ajuda diante do sofrimento das famílias das vítimas, da cidade de Chapecó e do
Brasil. Mas o time, dirigentes e torcedores do Atlético Medellín fizeram algo
melhor, eles tornaram aqueles que o destino matou vitoriosos. Os adversários da
final foram reconhecidos como vencedores, dando um novo sentido à tragédia. Nessa
linda atitude a mão que dirige e é senhora da história, orientou e dirigiu os
fatos para um novo final. E junto com os torcedores, atletas de dirigentes do
Atlético Medellín nada mais resta que se juntar a esse emocionante coro que
reconheceu os vitoriosos e cantar com eles: “vamos, vamos Chape”.
Que tragédia. Muito triste.
ResponderExcluiruma fatalidade, mas também irresponsabilidade da empresa aérea.
ResponderExcluirSofrimento para as famílias.
ResponderExcluirE dizer que a tentativa de economia de gasolina virou tragédia.
ResponderExcluirSó o tempo para amenizar tanta dor.
ResponderExcluirSempre haverão muitas perguntas sem respostas. Que os mortos descasem em paz.
ResponderExcluirAos familiares muita fé e força nestes momentos difíceis. Que lembrem dos bons momentos e da alegria.
ResponderExcluirUma tragédia que também nos leva a reflexão.
ResponderExcluirNão podemos viver no amanhã, cada momento pode ser o ultimo, digam a seus queridos o quanto eles são importante, como sua vida melhora e você é feliz porque eles fazem a diferença.
Ame sem cobranças, apenas AME.
As grandes tragédias nos fazem ver o quanto somos frágeis e precisamos uns dos outros.
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