Acompanhamos pela televisão e pela internet o drama provocado pelo
terremoto no centro da Itália. A televisão e a internet nos levaram para dentro
do que estava se passando no interior da Itália e mergulhamos no sofrimento da
população, do resgate dos corpos aos velórios coletivos. Entre as tristes imagens
os antigos casarões despedaçados pela força da natureza. O terremoto destruiu
algumas pequenas cidades e casas nas montanhas da região central da Itália, mas
em especial devastou as cidades de Amatrice e Accumoli. O terremoto ocorreu às
3 e 30h de quarta feira, ainda 22 e 30h de terça pelo horário de Brasília. O
sismo alcançou 6, 2 na escala Richter e provocou quase 300 mortes já
confirmadas até o momento da escrita deste artigo, muitos feridos e mais de
2000 pessoas desabrigadas. O grande número de mortos e feridos se explica pelo
fato do desastre ter acontecido à noite, quando as pessoas estavam dormindo.
Essa
tragédia, que atingiu as cidades italianas, permite introduzirmos questões
importantes, pois passamos por tragédias, muitas vezes, sem uma análise mais
cuidada. Acontecimentos tão impressionantes como esse suscitam indagações e
perplexidade. E tanto mais produzem inconformismo e comoção quando mais
próximos estamos dos que sofrem. É claro que tragédias naturais de tamanha
proporção são capazes de suscitar solidariedade e perplexidade em todas as
partes do mundo, mas ela é mais dolorosa num país como o nosso, que recebeu
grande imigração italiana e onde as essas famílias são tão numerosas no conjunto do população. Pois bem, em
qualquer dos casos, mais próximos ou distantes dos fatos, grandes tragédias
tocam o homem, pois lhe mostram sua fragilidade e lembram a limitada realidade
e falta de segurança de nossa existência.
A
limitação e finitude que nos marcam colocam na cena diária da vida as suas consequências,
então sofremos quando algo nos acontece e não temos como escapar desse
sofrimento, e precisamos sempre enfrentar em nossa existência circunstâncias
penosas, dores, mutilações e a morte. E essas realidades extremas nos levam a
pensar filosoficamente, pois na hora da tragédia não há como distrair-se, nem
iludir-se com a vida. Pois do trágico que toca o humano não nos salva ser mais
ou menos rico, mais ou menos jovem, mais ou menos atleta. Todos sofremos,
envelhecemos, adoecemos, morremos, nos sentimos perdidos e perturbados pela
culpa, todas essas coisas abalam nossas certezas e nos lançam no desafio de
enfrentar as situações dolorosas da existência.
As situações
trágicas revelam parte da condição humana. Como não há uma forma de esconder a
dor que toca, nem se iludir nos folhetins das redes televisivas ou nas luzes dos
grandes shoppings, o sofrimento leva ao questionamento e a busca de sentido.
Essa procura do homem pelo significado ganha força na objetivação dos produtos
culturais onde a alma coloca para fora o que de mais humano se dispõe, de fazer
o belo, de realizar o bem e de viver a verdade. E, nesse sentido, produzir
cultura, refazer o destruído, refazer-se da dor e seguir vivendo é nossa forma
de ir além do trágico e descobrir o lado mais generoso da existência. E estamos
certos de que os italianos saberão reerguer essas cidades, como fizeram
recentemente com Assis, reconstruirão os casarões e monumentos históricos como
eles sempre foram.
A
vida é assim, mistura dores e realizações, o choro e o riso, e nos cobra um sentido pessoal e a realização cultural dos
melhores valores que temos.
Parece que sempre nas grandes tragédias nos descobrimos irmãos.
ResponderExcluirO sofrimento leva a busca de sentido.
ResponderExcluirConcordo com seu raciocínio.
Enquanto for com os outros nunca pensamos que poderá ser conosco.
ResponderExcluirTodos nós passamos por sofrimentos, alguns tem apenas olhares diferentes.
ExcluirAlguns sofrimentos estão no corpo, outros na alma.
Existir, viver é em si só um desafio. Agora tirar lições do sofrimento não é para todos. Muitos se perdem nesta luta.
ExcluirSe o amor não une, a dor ensina. Realmente foi muito sofrimento toda esta tragédia.
ExcluirUm sinal de que sob a beleza estonteante da paisagem e da arquitetura do Bel Paese, como a Itália é conhecida, estão estruturas antigas e frágeis, que podem não resistir a futuros impactos e tremores. ( por lá também tudo é devagar, faltam cuidados, não tem uma politica de manutenção e cuidados com o patrimônio histórico.) Revista época 02/09/2016)
ExcluirAs tragédias são alerta para a humanidade. Pare/ Pense o que está acontecendo.
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