Por ocasião dos Cem anos do livro O Mundo Interior de Edmundo Farias Brito, livro este que faz parte da trilogia do título maior:
Ensaios
sobre a Filosofia do Espírito
- A
Verdade como Regra das Ações (1905)
- A Base Física do Espírito (1912)
- O Mundo Interior (1914)
Queremos
prestar uma justa homenagem a este pensador, filósofo e jurista que marcou a intelectualidade brasileira e lusa por décadas. Esta obra, O Mundo Interior, é, quiçá, a mais
madura de suas obras.
Para
ele o espírito, fato e base de todo pensar é a verdade
primeira e irrefutável que nem mesmo os céticos podem atacar, pois para
discordar terão que pensar, isto é, lançar mão do espírito.
Encontrar um pensador no Brasil de final do século XIX e início do
século XX que não fosse positivista, evolucionista ou materialista era raro.
Mas como toda regra tem exceção esta não poderia falhar. Raimundo Farias Brito
(1862-1917 – Ceará) era anti-positivista, anti-evolucionista e espiritualista,
sem ser católico.
Este pensador mostrou-se um filósofo independente no torvelinho de ideologias que
pululavam por toda parte. Neste período surgiam correntes de pensamento,
escolas, autores uns diferentes dos outros por toda parte. E também, para não
anular a regra, o próprio Farias Brito era diferente entre os diferentes.
Encarnando a alma brasileira o filósofo ora se encanta, derrete-se de
idealismo, convida a todos a construir uma nova sociedade baseada no amor. Mas
semelhante a um bipolar, em seguida se entrega ao pessimismo, desânimo e
desilusão afirmando que só há egoísmo e ódio.
Mas é na produção intelectual que reside a grandeza de Farias Brito. Praticamente cobre
todo conhecimento das ciências humanas. Estuda as relações entre a moral e a
filosofia, entre o direito e a moral, entre a filosofia e a ciência. Até mesmo
extrapola a área de conhecimento a que se propõe a faz incursões na poesia,
teologia e religião. Confronta metafísica e positivismo, debate a possibilidade
de uma metafísica naturalista. Chega ao final propondo uma religião
naturalista, identificando Deus à própria luz.
Com efeito,
o pensamento de Farias Brito desenvolveu-se num quadro ideológico rico e
diversificado no período a cima mencionado. Praticamente os mesmos autores
lidos e interpretados por outros pensadores da época eram os mesmos. No
entanto, o pensador cearense apresenta uma interpretação peculiar, sui generis.
O Comte de Sílvio Romero, por exemplo, não é o mesmo de Farias Brito. Da mesma
forma as ideologias. Ele sempre encontrava algo diferente e característico que
outros não enxergavam. Os inspiradores até podiam ser os mesmos, mas as
inspirações variavam. Contudo, o mais paradoxal é que o pensamento de Tobias
Brito tem de mais destacado, mais ele, o característico diferencial é o
espiritualismo. Mas justamente nisso que seus adversários o atacam dizendo que
é puro naturalismo. Outros, porém, vêem que suas contradições são apenas
aparentes. Pensam que a teleoloiga seja uma conciliação entre com o mecanicismo
aproximando o que havia em comum em Lange, Ribot, Stuart Mill, Hamilton,
Spencer Schopenhauer, Buchner e Noiré. Farias Brito, sempre consegue encontrar
qualidades onde outros encontram defeitos e vícios onde outros só percebem
virtudes. Para ilustrar podemos citar o caso de Kant que elogia os argumentos
sobre a prova da existência de Deus. Diz que o argumento da finalidade pode ser
questionado pelo próprio argumento invocado. Se a existência de Deus está
alicerçada sobre o fato da existência do universo, fato-causalidade, o mesmo se
pode invocar sobre a causalidade da existência de Deus: Deus existe, logo deve
ter uma causa.
Bela leitura, muito interessante. Justa homenagem.
ResponderExcluirUma aula muito interessante, valeu.
ResponderExcluirFilosofia do espirito, um belo estudo, profundo, instigante.
ResponderExcluirMerecida homenagem, bela lembrança. Afinal um povo que não valoriza os seus representantes que pensam dificilmente se afirma no cenário das nações.
ResponderExcluirMerecida homenagem aos que pensam.
ResponderExcluirUma nova sociedade baseada no AMOR.
ResponderExcluirEsta é a máxima deste pensador. Ótimo REFLEXÃO.
Colaborou com os anseios da humanidade pregando um Deus como um princípio que explica a natureza e serve de base ao mecanismo da ordem moral na sociedade. ( Precisamos de tantos outros que falem esta verdade) BELO ARTIGO, ótima lembrança.
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