A notícia da
semana no cenário esportivo nacional foi o centenário do Santos Futebol Clube
completado no último dia 14 às 12 horas. E o centenário do Santos nos coloca
diante da lembrança de um dos mais fantásticos times que já surgiu. O time
mágico foi bicampeão das Américas, bicampeão do mundo e a base da seleção
bicampeã do mundo. O Santos de Pelé, Gilmar, Pepe, Edu e de tantos outros
artistas da bola, jogava brincando, fazia o jogo parecer fácil com sua rotina
de vitórias. Ver aquele time jogar lançava o expectador numa dimensão lúdica,
onde viver é o exercício da mais perfeita prática esportiva com a completa
entrega ao jogo. E as torcidas de todo mundo corriam para ver o time do Santos
jogar.
Naquele tempo
em que o Santos vencia em qualquer parte do mundo e as pessoas aguardavam
ansiosas o dia de vê-lo jogar, as torcidas não se matavam na expressão mais
completa da animalidade humana. Os embates esportivos não levam à morte porque
a vida vivida segundo seus impulsos e desafios profundos não é expressão da
agressividade e destruição. Em contraste com a alegria da comemoração do
centenário do Santos ainda perturba e assusta o recente confronto entre as
torcidas do Palmeiras e do Corinthians que resultou na morte de dois
palmerenses. Neste outro jogo da brutalidade não há vencedores, todos perdem,
não importa o lado dos mortos ou feridos. Ano passado conflitos parecidos
resultaram na morte de um torcedor corintiano, nova derrota da vida. Se algo merece ser celebrado neste centenário
do Santos é como o seu futebol mágico tornou o time admirado entre todas as
torcidas. Não havia nos anos sessenta torcedor que não fosse encantado pelo
Santos de Pelé. O time maravilhou o mundo com o futebol bem jogado, com um
futebol bonito de ver.
A vida possui
uma a dimensão esportiva que o jogo de bola representa. Viver é dedicar-se
integralmente a algo, a um projeto de existência com a mesma gana e dedicação
com que o atleta deve jogar. Há regras, há objetivos, mas a vida mesmo só é
interessante quando regras e objetivos são cumpridos com entrega. Com a mesma
alegria que os treinadores cobram de seus atletas: jogar com alegria, com
dedicação completa, do mesmo modo que se deve viver.
O Santos de
Pelé protagonizou tempos mágicos de vitórias e de um futebol lindo. Algo que
hoje vemos no Barcelona do argentino Leonel Messi. E o que faz o time catalão
jogar tão bem e o argentino destacar, superando-se de modo cada vez mais
extraordinário? A resposta é a dedicação completa do grupo de atletas que se
entrega de forma apaixonada ao que faz. Não há registro de jogadores do Barça em
baladas, ninguém está acima do peso, nem é flagrado com prostitutas, bandidos
ou traficantes. É um time focado em sua missão, vencer no esporte e na vida.
Jogam duas vezes por semana, ninguém fica lesionado ou tem cansaço muscular. O Barça
é tão extraordinário em campo quanto fora dele quando treina e se prepara 24
horas para jogar, sete dias por semana. Entregar-se
apaixonado ao que se faz tornou Pelé o atleta do século, e é este o segredo de
Messi que as revistas esportivas explicam com altos salários, talento do
treinador, treinamentos físicos e táticos. Tudo isto somente tem o efeito que
tem porque ali há alguém completamente entregue à sua missão de jogar bola,
como somos desafiados a viver, com o mesmo entusiasmo e dedicação. É esta
entrega que temos que ter, não importa se nossa missão é fazer pão, varrer rua,
levantar pontes, administrar empresa, cuidar da saúde ou ensinar. Não importa o
ofício, não importa o que se busca, não importa o que temos que fazer, devemos
fazê-lo de forma completa. Viva o Santos de Pelé que é, na lembrança de quem o
viu jogar, um exemplo do que é viver de forma apaixonada pelo que se faz e no
respeito às regras do jogo e da vida.
Coisas do baú, mas boas recordações.
ResponderExcluirUma ótima reflexão, mas também preocupante, afinal a evolução da humanidade deveria ser para tornar-nos melhores, mas o saudosismo é saudades de um tempo que o futebol era arte, alegria e respeito aos torcedores e adversários.
ResponderExcluirBelas lembranças.
ResponderExcluirFazer por amor a camiseta ,outros tempos, encontramos no futebol dos campinhos e dos sonhadores.
ResponderExcluirGostei de ler,mas como mudamos tanto? Parece tudo tão distante.
ResponderExcluirViver apaixonado e apaixonar-se pelo que se faz esta diferença é a explicação.
ResponderExcluirBelas lições que a vida nos mostrou, foi um previlégio ter conhecido a história de atletas que fizeram belas histórias.
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