A universidade de pesquisa, com liberdade de pensamento e de investigação, na qual professores e estudantes se associam na criação, aplicação e transmissão do conhecimento foi uma das grandes conquistas do ocidente. Ela se consolidou como instituição fundamental associada ao destino dos povos europeus quando o modelo alemão se transportou e foi assimilado em outros países.
A
universidade, como instituição, existe desde a Idade Média, mas nos tempos
modernos ganhou prestígio quando ajuntou o estudo da ciência com a tradição
humanista. Em nenhum lugar ela atingiu esse objetivo com tanta qualidade,
profundidade e prestígio como na Alemanha. Em nenhum lugar o seu cerceamento e
perseguição a amordaçou tanto quanto na Alemanha de Hitler.
Essa instituição, que compromete o professor e o
aluno de forma integral e livre, é um legado dos povos civilizados. Ela
necessita receber alunos bem formados nas instâncias de base para alcançar os
altos objetivos da formação humanística associada à pesquisa científica. Essa
instituição foi modelo enquanto teve o nobre privilégio de poder viver na
liberdade, seguindo regras próprias de funcionamento e aferição de qualidade,
avaliando seus docentes e estudantes segundo deveres estabelecidos e
pré-acordados. Essa instituição se perdeu de si mesma quando, durante o nazismo,
o governo perseguiu e afastou docentes e alunos acusados de não colaborar e de
não pensar com o sistema. Essa instituição somente voltou a ter reconhecimento
quando pode novamente recuperar a liberdade. Foi então que pela qualidade do
ensino oferecido contribuiu com a sua parte para a continuidade da tradição
humanística e científica das nações livres do ocidente, depois de liberta dos
nazistas e não mais fechada em si mesma, pode a universidade alemã se mirar na Universidade
no Ocidente. Nessa tradição de liberdade, o campus universitário, tornou-se uma
venerável comunidade de esforços, onde docentes e estudantes, na medida de suas
limitações, esforçam-se para realizar a nobre missão que deles esperam a
sociedade.
Em nosso país, onde temos um sistema público e
privado, atuando de forma complementar, havendo pois espaço para os dois
sistemas, fica na responsabilidade do sistema público, especialmente federal e
de algumas estaduais, a tarefa de levar adiante mais diretamente a tradição
ocidental da universidade de pesquisa. Seus resultados podem ser avaliados pela
integração que mantém com as principais universidades do mundo. Não se pode
perder de vista que também no ensino essas instituições têm excelentes
resultados.
Ao
lembrar essa tradição e a perseguição que sofreu na Alemanha a Universidade de
pesquisa, que não foi diferente de outras experiências totalitárias pelo mundo,
manifesto minha indignação contra manifestações repetidas nas redes sociais que
reduzem o trabalho de nossas universidades públicas a formação ideológica dos
alunos, o que não somente não é verdade como esconde um fato perverso dessa
mentalidade grotesca. E o grotesco é o seguinte. Não se pode defender
princípios humanitários, cuidado com o planeta, respeito aos direitos humanos
ou qualquer boa causa, coisas com as quais o ocidente civilizado encontra-se
comprometido há décadas, sem que isso seja, de pronto, associado a ideologia e
desqualificado.
Triste
tempos de ignorância das massas onde essas críticas não têm fundamentação
adequada, objetividade desejada e a clareza requerida. A Universidade pública
brasileira é uma instituição que está longe de ser perfeita, mas está mais
longe de ser uma fábrica de ideologia, que forma cidadãos míopes, imbecis e
inúteis. Muito ao contrário, formam-se nela os melhores quadros de cientistas e
profissionais para nossa sociedade. E ainda, alguns comprometidos não com
ideologias, mas com as boas causas da humanidade. Quanto a ideologias nela há
de tudo.
Muito interessante, informação e transmissão do conhecimento, este é o papel da universidade.
ResponderExcluirMas sabemos que inicialmente é muito fácil cooptar os jovens, recém saídos da adolescência.
Não é perfeita, pois é o reflexo da sociedade.
ResponderExcluirO ideal é que todos estivessem sendo preparados para as boas causas da sociedade.
ResponderExcluirAs mudanças são visíveis porque os valores mudaram.
A formação visa atender as necessidades para o trabalho.
Muito bom!
ResponderExcluirNão sairão grandes pensadores de uma sociedade doente,antes de chegar a universidade a base precisa ser cuidada, amada.
ResponderExcluirAs crianças estão convivendo em sua maioria com pais infantilizados, medrosos e inseguros.
O tempo vai mudando a sociedade e as necessidades da população e jovens universitários.
ResponderExcluirA riqueza das pesquisas e evolução do conhecimento estão nos trabalhos e parcerias das universidades.
ResponderExcluirHoje o que se vê são as facilidades para jovens fazerem intercambio sem comprometimento com uma causa.