Chegar ao patamar da igualdade não significa a eliminação
da pobreza. Podemos ser iguais e ao mesmo tempo todos pobres. Nem eliminar a
pobreza quer dizer chegar à igualdade. Pode uma sociedade livrar-se da pobreza
sem tornar-se igualitária.
Com certeza devemos nos preocupar com a desigualdade, mas
antes de tudo devemos nos preocupar om nós mesmos. O verdadeiro nó da questão é
a pobreza. E ai de nós se não enxergarmos isso!
Quem nos mostra este caminho é o filósofo Harry G.
Frankfurt, professor de filosofia da universidade de Princeton, em seu livro “On Iniquality”. Ele nos orienta a concentrar-se mais sobre a eliminação
do pobreza do que a redução da desigualdade entre ricos e pobres. Por quê?
Porque a pobreza é uma condição dolorosa, que causa danos ao ser humano,
enquanto a desigualdade por si só é inócua. A situação de subalterno pode ser
suficientemente boa para garantir uma vida satisfeita. Alguém pode não ter uma
renda de executivo, mas se sente satisfeito com salário de professor
universitário. É melhor conseguir uma posição social economicamente
satisfatória do que ser ou sentir-se igual e insatisfeito. Pouco importa que
outros ocupem posições superiores se individualmente houver satisfação.
Há diversos tipos de desigualdades. Países nos quais quase todos são pobres porque os
recursos são escassos. Estes recursos podem ser naturais, como meio geográfico
ou culturais, como atraso científico e tecnológico. Pode ainda haver recursos
que beneficiam somente uma pequena parcela da população, como sói acontecer nos
países produtores de petróleo, ou mesmo recursos ilícitos como no narcotráfico.
Nesses há significativa desigualdade entre uma mínima minoria e a grande
maioria. A pobreza é predominante. A distribuição da riqueza não existe
de modo que a pobreza é praticamente igualitária, pois quase todos são pobres,
todos incapazes de produzirem e todos insatisfeitos. A desigualdade implica que
haja uns com mais, outros com menos. A pobreza é um estado de subumanidade.
Pode haver uma minoria pobre ou rica enquanto a maioria está em situação satisfatória. O objetivo então é concentrar-se sobre esta minoria pobre e trazê-la para o patamar de satisfação. (And... the last of the list!)
Pode haver uma minoria pobre ou rica enquanto a maioria está em situação satisfatória. O objetivo então é concentrar-se sobre esta minoria pobre e trazê-la para o patamar de satisfação. (And... the last of the list!)
No entanto, há ideologias – como do socialismo - que
teimam na igualdade desprezando a questão da pobreza. Talvez porque a
perspectiva mostre enganosamente que é mais fácil se atingir a igualdade e
automaticamente se eliminaria a pobreza. No entanto, como dissemos, é uma
miragem porque a igualdade não dá nenhuma garantia de eliminação da pobreza.
No liberalismo clássico se vê a desigualdade como
positiva, pois ela estimularia os esforços no sentido de aplainar as diferenças
socioeconômicas. A ambição – vício individual – pode se tornar um agente de
mudanças ao estimular os indivíduos para o progresso – virtude pública. Por
isso, há racionalidade no pensar liberal, enquanto que a concepção socialista
racionalmente é utópica, à medida que quer atingir um objetivo através de um
meio que não dá garantias. O liberalismo também quer a igualdade como objetivo
ideal e não através da plaina. O objetivo é a igualdade como ideal e a meta
imediata é a pobreza. Se a igualdade vier, tanto melhor, mas se não vier, paciência.
Garantir que todos tenham o suficiente para viver sem se preocupar se tem mais ou menos que os demais é uma orientação político-ideológica que não está assentada no liberalismo clássico, e muito menos num liberalismo também clássico. Poderíamos defini-lo um liberalismo mitigado: mantém a liberdade econômica de mercado e ao mesmo tempo aciona o Estado para corrigir as distorções que este mercado pode provocar. O modelo estaria próximo do Estado de Bem Estar Social de John Maynard Keynes.
Garantir que todos tenham o suficiente para viver sem se preocupar se tem mais ou menos que os demais é uma orientação político-ideológica que não está assentada no liberalismo clássico, e muito menos num liberalismo também clássico. Poderíamos defini-lo um liberalismo mitigado: mantém a liberdade econômica de mercado e ao mesmo tempo aciona o Estado para corrigir as distorções que este mercado pode provocar. O modelo estaria próximo do Estado de Bem Estar Social de John Maynard Keynes.
Mas quem conseguiu atualmente conciliar melhor a desigualdade com eliminação da pobreza?
Parece que é a Escandinávia. Ali existe fraca
desigualdade e praticamente pobreza nula.
Gostei da brincadeira, salário de professor do Estado é pobreza, agora professor universitário é muito bom. Um dia chego lá.
ResponderExcluirNão comparei professor do Estado e professor universitário. Foi entre executivo e professor universitário.
Excluir"Alguém pode não ter uma renda de executivo, mas se sente satisfeito com salário de professor universitário.
Talvez o estado de bem estar social de Keynes ainda seja a resposta.
ResponderExcluirMuito bom, também há muitos ricos pobres, espíritos avarentos nunca estão satisfeitos.
ResponderExcluirParece-me que a desigualdade faz parte do início do mundo.
ResponderExcluirO Estado mais provoca distorções do que corrige, temos exemplos todos os dias.
ResponderExcluirPobreza nulo acho utopia, mas alimento para todos, seria o ideal, é triste ver as pessoas perambulando nos lixões a procura de alimentos.
ResponderExcluirSem a pobreza a elite não se mantem. A relação é de ódio/necessidade uma mantém a outra.
ResponderExcluirEliminar a pobreza no nosso País não seria real, mas uma igualdade de oportunidades está começando uma abertura.
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