O dia 25 de novembro pretende
dar visibilidade à violência contra a mulher. A ONU escolheu esta data porque
foi nesse dia, no ano de 1960, que o ditador da República Dominicana Rafael Trujillo torturou e executou as irmãs Mirabal:
Pátria, Teresa e Minerva. No último dia 25 a ONU divulgou dados assustadores da
violência contra a mulher, mostrando que se trata de um comportamento
infelizmente espalhado pelo mundo, tendo havido 85 mil assassinatos de mulheres
em 2023, uma a cada dez minutos. Na Europa é onde a violência é menor, mas
também está crescendo nesses últimos anos.
No Brasil
a situação não é nada confortável, havendo o Ministério das Mulheres divulgado
uma pesquisa feita em outubro deste ano com uma amostra representativa da
população brasileira. Ela revela que 20% das mulheres relataram que já haviam
sido agredidas ou ameaçadas de morte por companheiros e/ou ex-companheiros. A
tendência de agravamento do quadro identificado pela ONU no mundo também se
verifica em nosso país. O que explica esse aumento da violência?
Algumas
razões são apresentadas nesses estudos, há, geralmente, motivos culturais
relacionados à crença na submissão da mulher. Há o crescimento dos divórcios
pedido por mulheres que buscam a independência financeira e profissional. Há
uma crescente preocupação feminina com o êxito e carreira profissional a
interferir em relacionamentos. Essa situação inserida num tempo em que a
independência financeira e autonomia feminina são estimuladas em diversas
partes do planeta, cria tensões nas sociedades mais conservadoras. Por detrás
da violência há também uma leitura anacrônica de morais religiosas que submetem
as mulheres a rígido controle de costumes, regras que nasceram em outro momento
histórico e de uma interpretação machista da vontade de Deus. Enfim, são muitos
os motivos para a violência, inclusive a pequena importância que as polícias
atribuem às denúncias e queixas das mulheres contra ex parceiros.
Sem
deixar de considerar a correção dessas explicações, devemos ir mais fundo
recordando que a criatura humana, o que não exclui as mulheres, é
instintivamente agressiva. Os maiores estragos são de responsabilidade
masculina, pois o homem é, geralmente, fisicamente mais forte que a mulher. No
entanto, o controle da agressividade é um dos desafios de nosso tempo, quando
diversas sociedades assistem ao crescimento da violência também contra idosos e
crianças, contra o pobre, as minorias e o estrangeiro. Enfim, a violência vem
crescendo em função de dificuldades variadas que inclui o aumento das guerras
regionais, da perseguição ao diferente e da procura de melhoria de vida pelas
populações mais pobres.
Isso
significa que o aumento da violência contra mulher é parte de um quadro geral
do aumento da violência pelo mundo, pelo atual crescimento de um tipo de
pensamento que se auto intitula conservador, com pautas radicais que apontam
para a derrota da vida civilizada, da racionalidade iluminista e dos propósitos
de paz e progresso visíveis na belle époque. A desconsideração da razão e dos
esforços por pautar a vida nos seus limites, tem aberto as portas para todo
tipo de violência, inclusive a praticada contra a mulher, as crianças e velhos.
E, nesse mundo, quando mais se considera normal a violação das normas e leis em
geral, maior a violência contra os mais fracos. Pois quem não tem limites no
controle dos instintos é uma ameaça para a sociedade. E a despreocupação com a
violência cresce na mesma proporção que se reduziu: o ensino das humanidades,
da educação não tecnológica, do respeito às normas de uma moralidade ética.
Enfim, a
violência contra a mulher é parte de um tempo que assiste ao crescimento das
outras formas de brutalidade, todas alimentadas pela intolerância de um
conservadorismo que atinge os fracos do mundo, o pobre, o estrangeiro, o
diferente, as minorias, etc. Violência que precisa ser combatida como forma de
reestabelecer uma sociedade mais fraterna e comprometida com as boas causas.
Um assunto bem complexo, a violência trás dor e sofrimento.
ResponderExcluirHoje tanto homens como mulheres estão sofrendo violências, de várias formas.
ExcluirO homem acaba não denunciando a violência que sofre.
As causas são muitas, quando a violência explode são as mágoas, o medo e o sofrimento.
ResponderExcluirNo casal falta diálogo, respeito e muitas vezes honestidade em relação aos sentimentos.
É um assunto muito interessante e discutível.
ResponderExcluirComplicado, quem cria meninos?
ExcluirSão mulheres.
A questão cultural ainda é muito forte, o homem é que manda.
ResponderExcluirNos tempos atuais caminhamos para mudanças nos relacionamentos, homens e mulheres caminham lado a lado, ficam juntos porque querem construir família.
ResponderExcluirA violência sempre existiu, nos dias de hoje está visível.
ResponderExcluirDispomos de estatísticas, pesquisas, delegacia para atender às mulheres, as redes sociais fazem parte deste aparato de condições com uma infinidade de recursos para classificar as diversas formas de violência.
Sempre escutei histórias de violência, ficavam escondidas, eram os segredos de famílias.
ExcluirHoje sabemos das tristes histórias, não contadas, que destruíram emocionalmente muitas pessoas.