O país continua se
desenvolvendo apesar da crise financeira mundial que já se arrasta há alguns
anos e hoje afeta principalmente a Europa. O ritmo diminuiu, mas não entramos na
estagnação que afeta outras nações do mundo. Infelizmente nosso desenvolvimento
está longe de nos colocar próximos das sociedades mais avançadas do mundo e a
simples redução do ritmo do crescimento traz as coisas para mais perto da realidade.
Isto não significa também que somos submergentes como começaram a dizer há
algumas semanas economistas e jornalistas de países mais adiantados. A atual
avaliação é tão irreal como foi a anterior, apenas indica que eles conhecem
pouco o país, tanto seus problemas como suas virtudes e potencialidades.
O desenvolvimento do
Brasil afeta a vida de todos os seus habitantes, mas as cidades de porte
médio, em especial as que se encontram em torno a cem mil habitantes são
aquelas que sentem com maior impacto o processo atual. E os estudos de geografia
humana mostram que o desenvolvimento está mesmo mais concentrado nesse tipo de
cidade que estão recebendo produtos e serviços até pouco tempo fora do seu
universo: hospitais especializados, universidades, pequenos shoppings, bons
restaurantes, espetáculos teatrais,
condomínios fechados, centro de convenção, etc. Estas cidades são também
aquelas que passam por um crescimento demográfico mais acentuado do que de
outras áreas do país. Grandes Metrópoles e cidades pequenas, por exemplo, de
modo geral não estão passando por um crescimento urbano tão acelerado como o
que ocorre nas cidades mencionadas.
Esta situação afeta
cidades por todo país de norte a sul. No país são centenas de cidades nesta
situação. O desafio de continuar crescendo garantindo a atual qualidade de vida
exige a urgente implementação de medidas de planejamento urbano em todas elas.
O que o corre nestas
cidades é que cresce sem planejamento, a circulação de veículos se aproxima do
congestionamento total, o transporte público é ruim. A preservação da área
histórica está cada dia mais difícil, não há projeto de novos parques, praças
ou jardins, nem preocupação com áreas permeáveis, nem arborização, nenhum
cuidado com a volumetria das ruas e regiões, sem se falar em zoneamento urbano,
tratamento de esgoto, qualidade da água oferecida à população. Geralmente o
pouco cuidado que existe se concentra na área histórica por conta do trabalho voluntário
dos membros dos Conselhos Municipais de Preservação do Patrimônio Cultural.
Contudo, ações planejadas não podem se limitar à área histórica da cidade.
No final deste ano
escolhemos os políticos que dirigirão a cidade nos próximos anos e este foi o
desafio mais importante e urgente que enfrentamos. Todos nós escutamos o que
eles tinham para oferecer, analisamos seus planos de governo. Agora vejamos o
que eles farão. Não basta asfaltar uma rua aqui, fazer um passeio acolá, ou
realizar pequenas obras pontualmente, tudo sem planejamento, sem cuidado
especial com a área histórica, sem pensar o crescimento das outras áreas,
enfim, sem zoneamento urbano e plano diretor. Planejar é verdadeiramente
progresso e não, como sempre ouvi dizer, derrubar casas antigas, asfaltar sem
estudo do impacto nas áreas históricas, construir edifícios sem nenhuma
estrutura urbana para acolhê-los. Estes
desafios atuais das cidades precisam ser enfrentados por prefeitos e vereadores
preparados para viver no século XXI. Caso contrário, em poucos anos
enfrentaremos problemas que nunca tivemos ou que não precisaríamos ter e de correção
muito difícil, se os governantes não tiverem determinação e competência de
seguir os ditames da administração pública.