Foto Lana Lichtenstein
Desde os mais remotos tempos do pensamento
ocidental é posta a questão da igualdade, como Sócrates Platão e Aristóteles. Na Idade Média a questão foi resolvida como igualdade em dignidade. Já na Idade Moderna provavelmente Jean-Jacques Rousseau tenha sido a maior expressão, com a igualdade natural. Com a Revolução Francesa ocorre um divisor ideológico: os da “esquerda” da Assembleia
– grupo barulhento e exaltado, os literatos e os da “direita”, moderados e
ponderados, cientistas iluministas. Os de esquerda passaram a designar os
liberais e os de esquerda de socialistas, estes partidários da ideologia da prioridade da igualdade e aqueles da liberdade.
Mais adiante Marx a coloca a igualdade social e econômica. A partir daí a celeuma não se estingue: para a
direita política a desigualdade é natural tendo em vista a individualidade.
Para a esquerda é apenas um preconceito que emerge do pensamento da direita. Jacques
Ranciere foca a questão da igualdade atrelando-a à educação.
O leiv motiv do pensamento de Jacques Racière
encontra-se na experiência de um professor de francês, Joseph Jacotot, que na
Holanda deveria ensinar aos alunos o Francês quando nem ele, nem os alunos,
nada sabiam da língua. Aos alunos teria dado um texto bilíngue, Telêmaco, e
solicitado por meio de intérprete que escrevessem em francês o que bem
entendessem sobre o texto.
Ficou esperando o pior: que os alunos
escreveriam tudo errado e distorcessem o texto. Mas qual não foi sua surpresa
quando os alunos se saíram bem na tarefa.
Este fato mexeu com as teorias de Jacotot
sobre o ato de ensinar. Os alunos haviam aprendido uma língua sem que ninguém
lhes ensinasse sobre gramática e seus fundamentos. Por si mesmos haviam buscado
as palavras francesas e combiná-las comas frases, com ortografia e gramática
aumentando de exatidão à medida que avançavam no texto.
Com base nesta experiência Rancière elabora
toda uma metodologia e mesmo uma teoria pedagógica. Conforme ele o professor
que ensina é um opressor, um embrutecedor, pois parte do princípio de que ele,
professor é sábio e o aluno ignorante. Para tanto é preciso embutir na mente do
aluno os conhecimentos que o tornarão no futuro outro embrutecedor.
Isto porque, pressupõe como ponto de partida
a desigualdade originária. Por que há um superior, professor, e um inferior,
aluno. O primeiro ensina e o segundo aprende. Esta desigualdade é infiltrada de
tal forma incutida no aluno que ele se sente inferior e isto continuará pela
vida toda até que se torne um embrutecedor. Por isso em vez de o professor
ensinar deve analisar.
A pedagogia tradicional, conforme Rancière,
ao partir do pressuposto da desigualdade, incute a desigualdade como natural
que só a educação fará buscá-la. Por esta concepção a igualdade é uma meta, e
não um ponto de partida conforme Racière propõe.
Para que a igualdade originária possa ser
efetiva deve-se ter em mente duas inteligências iguais com vontade próprias. A
inteligência é uma capacidade de relacionar, observar, comparar, calcular e
explicar como se fez. Quando não se deixar o aluno a fazer isto ou aquilo se
estará embrutecendo e matando tanto a inteligência como a sua vontade.
Você foi, professor que transmitia conhecimento, mas sabia escutar, não matou a inteligência do aluno , deu a seus alunos espaços de discussão.
ResponderExcluirfiz o possível
ExcluirA igualdade com dignidade, somos iguais na humanidade.
ResponderExcluirMas diferentes no conhecimento.
Ótimo artigo, quando mais aprendo, mais preciso...ler.
ResponderExcluirComo professor leio muitos pensadores, procuro me atualizar, os tempos hoje oferecem muitas oportunidades de estudo, mas os jovens precisam de orientação.
ResponderExcluirInteressante para nós professores.
ResponderExcluirBoa reflexão.
Sempre é importante,
Ótima reflexão, as teorias fundamentam, mas que desafiou ser professor.
ExcluirMuito interessante a pesquisa, buscar aprendizagem, logo o frances, alunos de outros tempos.
ResponderExcluirInfelizmente nossos alunos, com exceção de alguns, não se encantam em buscar conhecimento fora das exigências do professor.
ResponderExcluirVeja as histórias de alunos do Enem, muitos sem recursos, estudando com livros doados, aulas do YouTube e tiveram ótimas classificação.
O que nos leva para frente são os desafios, o desejo de mudar.
O avanço da tecnologia e novas oportunidades transformaram o conhecimento.
ResponderExcluir, Valorização da educação sacrificada, uma luta da família, acabou.
Hoje observem, sobram vagas nos cursos técnicos, nas universidades.
Ensino básico obrigatório, para não perder o bolsa família.