sexta-feira, 9 de junho de 2023

AS TAREFAS DOMÉSTICAS NA PANDEMIA E A IGUALDADE PROFISSIONAL . Selvino Antonio Malfatti.

 




O objetivo de uma pesquisa foi explicar as relações de trabalho através da estrutura do convívio familiar. Um olhar superficial sobre o convívio no ambiente de convivência familiar pode parecer que seu status quo, isto é, determinadas funções profissionais cabem ao marido e outras à esposa. Tomemos um exemplo: o marido é gerente de empresa e não se envolve nas lides familiares como cuidar das crianças, a higiene e limpeza dos cômodos, preparar a comida e outros. E a esposa, por sua vez não se envolve com as atividades profissionais do marido. A suposição é que a pandemia, pela obrigatoriedade de conviverem juntos os gêneros, poderia quebrar esta estrutura e permitir um trânsito profissional.

Uma pesquisa sobre o assunto pode comprovar ou não a hipótese. Se comprovar bastaria desfazer a estrutura que se desfaria também o status quo. Caso não comprove, então devem ser pesquisas outras causas.

Uma das tentativas de explicação foi feita na França. Anualmente a Universidade de Sorbonne na França anualmente destina bolsas de pesquisa para temas específicos. Desde 2022 o tema escolhido foram as consequências sociais da pandemia no seio familiar, com foco na estrutura familiar.

O que determina a divisão do trabalho entre homem e mulher ou entre os gêneros no convívio familiar? Revisemos algumas teorias. Dentre elas podemos citar a natural, a solidariedade, o conflito, a estrutural-funcional, compreensiva entre outras. Cada teoria dá sua própria explicação. Para a natural a desigualdade seria natural, isto é provocada pela própria natureza que destina funções afetas ao gênero masculino e outras ao feminino. A teoria do conflito quer explicar pela luta entre os gêneros, cabendo a supremacia ao macho por ser mais forte. A solidariedade aproxima-se da natural. Homens e mulheres dividem as tarefas pela capacidade, gosto, vocação. A estrutural–funcional dispõe que as tarefas sejam distribuídas pela forma como cada gênero se sente mais à vontade no seu desempenho. E a compreensiva entende que as tarefas são distribuídas pelo sentido que se atribuem a elas.

A hipótese que se levanta é esta: a pandemia que confinou a família nas quatro paredes do lar provocou uma nova divisão de trabalho entre os membros da família? Os maridos se envolveram mais nas tarefas domésticas como a higiene da casa, cuidado dos filhos, preparar a comida, lavar a roupa? Por sua vez os filhos, os mais velhos, também se envolvem nas atividades, antes exclusivamente das mulheres? Por sua vez as mulheres estendem mais suas atividades no setor profissional, antes exclusivamente dos homens, como atividades ligadas à informática, direção de empresas, negócios, orientação gerencial?

Pesquisadores que se dedicaram ao tema, como a socióloga, Julie Landour, do Jornal Le Monde e professora de sociologia na PSL Paris-Dauphine University e pesquisadora do Institute for Interdisciplinary Research in the Social Sciences constata que o local onde se acontece o convívio familiar, por si só, não altera o status quo na hierarquia profissional. O gerente homem de empresa continua o mesmo gerente e a mulher doméstica continua a mesma doméstica, embora após a pandemia os tenha confinado ao mesmo local exercendo atividades diferentes. A conclusão a que chegou a socióloga foi a seguinte:

"A transformação das condições de trabalho por si só, e em particular sua localização dentro das casas, não é suficiente para atuar na divisão de trabalho por gênero".

Para que se possa dizer que houve igualdade de gênero, será preciso que ambos dediquem tempo e energia na atividade profissional de igual intensidade e ao mesmo tempo dispensem tempo e energia em  “preparar a comida, lavar a roupa, fazer a limpeza, cuidar dos filhos.”

Quando se busca a igualdade de gênero no local do trabalho a resposta é negativa. Por si só, o local não influi na desigualdade de gênero, conclui Julie Landour.

Com esta conclusão, a igualdade profissional de Gênero continua em aberto.

 

 

 

6 comentários:

  1. Muito interessante está pesquisa.

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  2. Acredito que houveram muitos conflitos entre país e filhos.
    No final as tarefas se distribuíram, sobrecarregando os pais.

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  3. Muitos homens começaram a participar mais dos afazeres domésticos.

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  4. Muitos casais convivendo mais, se uniram e apreenderam muito, outros acabaram separando, a convivência é aprendizagem.

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  5. A pandemia foi o divisor, aprendemos a ser tolerantes.

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  6. Sempre pensamos que conviver todo dia, tem a esperança da noite, todos se calam.
    Foi complicado, todo dia em casa, com a rotina e marido de pijama.

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