Salvatore Vercca, nascido em 1943 em Roma, graduou-se em 1966 na Universidade de Milão. Em seguida professor de filosofia
política na universidade de Pavia. Admirador e seguidor do pensador John Rawls
dedicou-se ao aprofundamento da questão da justiça. Dizia:
“Estou convencido de
que as questões da justiça, em particular da justiça social, são absolutamente
relevantes e cruciais, mesmo nos tempos difíceis em que vivemos estou
convencido de que se adotarmos e olharmos para a constelação da vida injusta
nós vamos perceber que, uma das chaves, é a injustiça da Terra.”
(Sono convinto che le
questioni della giustizia, in particolare di giustizia sociale, siano assolutamente
rilevanti e cruciali, anche nei tempi difficili che viviamo – spiegava Veca –
Sono convinto che se adottiamo e guardiamo alla costellazione della vita
ingiusta ci rendiamo conto che, una delle chiavi, è l’ingiustizia della Terra).
Seu pensamento oscila entre
socialismo e liberalismo, bem na esteira de Rawls. Este vai ao limiar no
liberalismo, mas não consegue dar o passo para o socialismo. Da mesma forma
Vecca dedica uma admiração inconteste ao socialismo, mas sempre permanece
teoricamente um liberal. Na vida prática filia-se aos socialistas, mas vive
como um liberal.
Estas palavras foram
pronunciadas por ocasião da despedida da universidade de Pavia na qual
trabalhou anos. Passou a trabalhar como docente na universidade de Milão, após
breve passagem pela universidade de Bolonha. Em Milão dedicou-se ao estudo de
Rawls aprofundandou a questão do contratualismo dos pensadores Locke, Hobbes e
Rousseau. Para ele a política devia abandonar o estudo das questões teóricas
para dedicar-se procedimentos institucionais mais justos e propor uma
distribuição igualitária dos bens. Para se chegar à equidade era necessário que
os menos afortunados tivessem vantagens econômicas, justificando os lucros
econômicos, concordando com Rawls com a equidade como justiça.
Do vasto conhecimento de
Veca escolhemos alguns excertos que possam ilustrar seu pensamento.
1. Gentileza
Para Veca o ódio deveria
ceder lugar à bondade. Isto se daria pela comunicação do conhecimento de uma
forma educada. A ideia de bondade deveria ser buscada nos conhecimentos e
valores velhos e novos. Tudo o que fosse bom deveria novamente ser resgatado e
ao mesmo tempo ser incorporado aos valores novos. Proceder a uma triagem
incorporando valores e práticas boas.
2. Respeito
É preciso renovar o vocabulário
e introduzir a confiança nas promessas que estão sendo oferecidas.
3. A Lealdade
A lealdade tem dois pontos
de apoio: um no passado que preserva seus valores e outro no futuro cuja
conexão se fará por tentativas de acerto e erro. Com isso se conseguirá
estender a compreensão àquilo que advirá.
4. A alma
O corpo é a imagem da alma e
cada um sente a seu modo. O espírito sopra onde quer. Não se sabe onde procurar
a alma de Milan, mas saber que pode encontra-la. E isto é o espírito do nosso
Milan.
5. O corpo
Quando pensamos a alma,
pensamos também o corpo e com isso se torna luminoso. Com isso encontramos o
elo entre a ética e a estética. A Covid nos lembrou que devemos valorizar
nossos seres, expostos ao destino e ao inesperado. Somos seres humanos em carne
e osso. Não temos corpos, somos corpos. Não habitamos a terra, somos a terra.
6. Humanidade
Qualquer reflexão sobre o
local nos levará necessariamente ao global. Por isso, nossa adesão deve ser a
humanidade, o planeta. Somos chamados a construir a constelação da
solidariedade, desviando os que operam a laceração do entorno do espaço humano.
Somos minados pelo racismo, sexismo, classismo, nacionalismo e fundamentalismo.
Será que isto é o homem? Guerras, massacres, deportações, exploração, barbárie,
tortura e escravidão? Devemos acreditar em outra sociedade na qual as pessoas
embora diferentes, são iguais, todos terão a mesma idade embora mais velhos
serão novos. Por isso ainda penso, “na cultura que acolhe e não aceita as
desigualdades.” (alla cultura che accoglie e non accetta le ineguaglianze).
Muito interessante o artigo, mas é um liberal nato.
ResponderExcluirBem, talvez esteja no caminho certo, o caminho é a humanização, igualdade com uma sociedade consciente na distribuição de renda, aceitaria?
ResponderExcluirA desigualdade e o preconceito é uma raiz a ser estirpada, mas sabemos o quanto é difícil.
ResponderExcluirSalvatore Vecca, difícil entender o momento atual, até a filosofia sugere, mas ninguém escuta.
ResponderExcluirÓtimo ,sr Vecca apresenta valores imutáveis, mas adormecidos no mundo globalizado.
ResponderExcluirGentileza, lealdade, Humanidade sem preconceitos?
ResponderExcluirQuantos séculos precisaremos para entender nossa caminhada, somos corpos que pertencem a terra.
Distribuição de bens, sem uma profunda revisão de valores morais, será muito pouco, precisamos entender o valor humano.
ResponderExcluirMais difícil ficou.
ExcluirAfinal muitos humanos também se colocam preço e se avaliam pelo corpo mortal.