A Esquerda nasceu na França e por um acaso. Os deputados mais barulhentos, mais exaltados e radicais
localizavam-se à esquerda do Presidente da Assembleia dos deputados, na Revolução
Francesa. Esquerda designava, então, apenas uma localização: à mão esquerda. Pouco a
pouco à localização física juntou-se o estilo do grupo e mais tarde o conteúdo
ideológico: uma oposição ao status quo sócio-político, designado como de direita
ou conservador. Atualmente o significado de “conservador” muda conforme o local. Na Rússia
e Estados Unidos conservadores são socialistas radicais que não admitem
mudanças.
A esquerda que teve como origem a França, de um modo geral ainda hoje continua dar a pauta para esquerda de diversos países contrapondo-se às sociedades liberais. No entanto, seu raio de ação vai diminuindo eleição após eleição. Isso devido, como frisa o autor do artigo, “Pour changer le monde, la gauche doit changer de monde”, Nicolas Truong, em Le Monde. Á desordem não só dos campos políticos, mas a natural evolução da sociedade rumo à emancipação. Isso configura um cenário de eleitores desesperados e em consequência uma esquerda desesperada. A perspectiva é de um cenário desastroso diante de uma eleição presidencial. O resultado das eleições mostrou que o eleitorado francês não quer nem a direita, nem a esquerda. Seria o centro? Sim e não. Quer um governo de centro, mas não tão forte que possa governar sozinho, pois perdeu a maioria. Quanto à esquerda, ficou em terceiro lugar. A socialdemocracia francesa não consegue imantar votos para impor-se como a primeira força política. Por enquanto serve-lhe um segundo lugar. As demais ramificações também patinam na esteira. O comunismo se concentrou na proposta do projeto nuclear e abandonou, ao que parece o ideal de igualdade. O ecologismo que parece ter uma base social de recepção não empolga suas lideranças. O trotskismo apresenta-se com uma reduzida cultura minoritária e patrimonial, despontando aqui e ali em resultados eleitorais. Há ainda os movimentos insurrecionais que se atrapalham e acabam no anticapitalismo ou nas teorias da conspiração.
Em questões pontuais temos uma esquerda fraturada: a questão da união ou unidade, imigração, islamismo e laicismo, em vez de igualdade a diversidade, uma classe política desintelectualizada e longe de seus membros, sindicatos longe dos novos temas atuais como produção, consumo e trabalho. O próprio âmago da ideologia de luta de classes cedeu lugar à luta de embates. Por tudo isso a esquerda já não é mais “um espectro que assusta” a Europa, ou “um cadáver de cabeça para baixo”, de Sartre. De tanto mudar sobrou um fantasma.
Vejamos o desempenho
eleitoral atual que fala mais alto que a teoria.
Em 10 de abril, houve eleições para presidente em 1º turno em França. Principais Candidatos:
MACRON - LRM : 20.21% (9 560
545 votos) -Centrista
MARINE LE PEN - RN : 17.14%
(8 109 857 votos) - Direita
JEAN-LUC MELENCHON - LFI :
16.07% (7 605 225 votos) – Esquerda
Com este resultado Macron e
Marine vão ao segundo turno, no dia 24 de abril. A esquerda não teve candidato próprio devido
ficar em 3º lugar.
Vamos ao 2º turno:
1. Emmanuel MACRON - La République en
marche - 58,54 % - 18 79 641
2. Marine LE PEN - Rassemblement
national - 41,46 % -13 297 760
Nas eleições para a
Assembleia houve um leve crescimento da esquerda em detrimento tanto do centro
como da direita. Macron perde a maioria no Parlamento. Em segundo lugar, a
coligação de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES) -- que
junta forças como a França Insubmissa, os socialistas, ecologistas e comunistas
-- tem 124 deputados e 6.418.964 votos (31,46%). Le Pen também cresce, pois
consegue eleger 89 deputados contra os 8 deputados da eleição anterior.
Em que pese o crescimento da
esquerda ainda não pode sonhar com um governo na França.
Evolução é enterrar fantasmas , a esquerda é retrocesso.
ResponderExcluirInteressante o assunto, uma leitura para aprendizagem.
ResponderExcluirA esquerda deve mudar, mudar-se para que os países evoluam.
ResponderExcluirAs pessoas podem não concordar, mas devem querer que todos tenham oportunidades de crescimento.
ResponderExcluirO presidente da França, vai ter que ser muito bom negociador, senão adeus.
ResponderExcluirToda os movimentos sempre transformam, mesmo pela dor, a sociedade precisa avançar.
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