A ética é uma disciplina
filosófica e sua origem histórica remonta à Grécia, sendo ali a
contribuição mais clara o livro “Ética a
Nicômaco”, de Aristóteles. Este fez uma
análise racional dos costumes das cidades - estados da antiga Grécia e assim, a
ética consolidou-se na tradição ocidental, como reflexão racional sobre os
costumes aceitos, considerados adequados e justos para promover a felicidade.
O modelo ético aristotélico consolida-se dissociando se da política, o que não
fora feito na filosofia platônica. Aristóteles valoriza a virtude para ser
feliz, o que equivalia, para ele, ser bom cidadão na polis. A tradição ética,
herdada dos gregos, estabeleceu um diálogo com a judaico-cristã, que no início
da Idade Média já se tomara referência para o homem europeu. A moralidade
judaica nasceu associada à religião e foi delineada no Pentateuco, no Velho
Testamento. Sua base é o decálogo mosaico cujo registro remonta ao século VI ou
V a. C. depois da volta do exílio na Babilônia.
Conforme lembra Jaspers na
Introdução ao pensamento filosófico, o Decálogo é "maravilha de
simplicidade para todos os tempos [...] pois, é de uma vez só revelado e capaz
de convencer o homem enquanto homem" .
Conta a Bíblia Judaica que
um pouco antes de 1200 a. C., um judeu criado na corte do faraó, de
nome Moisés, liderou um grupo de escravos na fuga do Egito. O grupo de
libertos entrou no deserto em busca de uma nova terra, para viver e a eles
outras tribos nômades associaram-se nessa fé e esperança comum. Acreditavam que
o Deus que os tirara do Egito lhes daria uma terra livre de dominação. Esse era
Um Deus diferente dos encontrados na região, um DEUS vivo e poderoso que
caminhava junto com o povo e ouvia seu clamor.
Propunha-lhes, em
contrapartida, uma forma de viver sem a qual seria impossível sobreviver no
deserto, e menos ainda organizar-se como povo na terra da esperança.
Ao conceder-lhes a liberdade
política e lhes oferecer uma nova vida, DEUS deu-lhes regras capazes de
assegurar a liberdade íntima e uma vida socialmente organizada. Independente de
compartilhar a fé desse grupo, a caminhada pelo deserto e a instalação na nova
terra somente foi possível porque os se submeteram à autoridade de Moisés e as
regras que ele lhes deu em nome de Deus. E Moisés apresentou a regra para viver
em grupo, uma regra em mandamentos também encontrados entre outros povos da
região, mas não de forma tão simples e completa. Como não acreditar que aquela
síntese proviesse diretamente do Deus poderoso que estava realizando o extraordinário
prodígio de libertar o povo de um reino poderoso e levá-Io a salvo pelo
deserto?
Assim entenderam os que
seguiam Moisés. Eles tomaram a sério o código mosaico embora as regras pudessem
parecer um código banal ou uma síntese
superficial. A história
revelou que as regras não eram banais, o seu uso mostrou-se uma orientação
maravilhosa para viver em sociedade. Em nossa cultura,
distinguimos, portanto, duas tradições, a grega e a judaico-cristã, cada qual
com seu propósito, mas que se entrecruzaram na formação da cultura
ocidental. O cristianismo foi quem primeiro aproximou a herança grega da tradição
judaica e abriu espaço para um diálogo entre a vida religiosa e filosófica.
Contudo, não podemos entender que enquanto disciplina filosófica a ética esteja na
dependência da religião, pois seu desenvolvimento seguirá caminho autônomo. O
que se quer dizer é que os valores cristãos influíram na ética
filosófica e na base da cultura ocidental, embora a tradição filosófica tenha se mantido
autônoma.
O que foi dito no parágrafo
anterior nos coloca diante de dois
aspectos fundamentais
presentes nesse livro. De um lado, a ética filosófica, tem tradição própria e tem
objetivos diversos da ética judaico-cristã. De outro, a última também possui
história própria, mas elementos das duas tradições
se juntam na formação da
chamada cultura ocidental.
Poderíamos viver a tão sonhada paz, nada para inventar ou mudar, simplesmente seguir os mandamentos.
ResponderExcluir´´Ética nosso norte.
ResponderExcluirFilosofia clinica deve ser a resposta para as dores do corpo e da alma.
ResponderExcluirComplicado. Difícil.
ResponderExcluirAprofundamos o estudo da filosofia mas, nos perdemos na interpretação.
ResponderExcluirA falta de interpretação misturou tudo, sabem de tudo nas leituras, não aplicam na vivencia, no dia á dia.
ExcluirUma ótima aula, valeu!
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