sexta-feira, 24 de abril de 2015

O PAVILHÃO ZERO – FEIRA DE MILÃO 2015. Selvino Antonio Malfatti.






                              






Quem conhece Milão, sabe que o Castelo Sforzesco é um dos cartões postais da cidade. Pois bem, bem defronte ao castelo foi montada a Expo Gate, uma feira de exposição universal, reunindo         centenas de países expositores, inclusive o Brasil. A feira terá início em 1º de maio e se estenderá até 31 de outubro. O tema: “alimentando o planeta, energia para vida”. A princípio pareceria que se trata somente de culinária. No entanto, não é bem assim. Os mais variados assuntos estão presentes, entre eles um Pavilhão norte, denominado Pavilhão Zero, traz uma exposição da evolução dos primeiros sinais de comunicação humana, as inscrições rupestres.
Sabe-se que há 40 mil anos o “homo sapiens” migrou da África e se espalhou por todos os continentes. Depois desta migração mãos anônimas deixavam não só marcas da presença do homem, mas também dizia o que era, o que fazia, sua alimentação, caça, pesca e até no que acreditava. Estas inscrições podem ser vistas nas grutas da ilha de Sulawesi, na gruta do Castelo e mais comuns desenhos de caça e pesca em Chauvet, Lascaux de Altamira e assim por diante. Ainda hoje se podem constatar in loco, no Brasil, centenas destas inscrições e desenhos como dos índios guaranis na região central do Rio Grande do Sul.
Estes primeiros sinais eram uma proto-escrita. Mais quarenta mil anos, depois de cataclismos, guerras, migrações o homem já vivia em pequenas sociedades e estava de posse do fogo. Foi aí que inventou o alfabeto no Egito (2700 a.C), China (1200 a.C) e Mesopotâmia (600 a.C). Utilizou as letras para fixar leis e compor pequenos textos como testemunho de sua passagem. Alguns até elaboravam modestos versos de hinos ao sol ou às divindades divinas. Foram aperfeiçoando até atingir o estágio de poesia. Estes versos serão expostos no pavilhão para que a multidão possa vê-los. Serão mostradas poesias líricas de diversos países no Pavilhão Zero. Constarão versos de Dante, Esíodo, Virgílio da Itália, mas haverá também do africano Léopold Sédar Senghor, do chinês Bai Juvi, do árabe Imru ´al Qays, do japonês Nivasawa Kenyi e do indiano bengalês Rabindranath Tagore. Da parte das grandes potências Alesandr Puskin da Rússia e Walt Whitman dos Estados Unidos. Sobre o tema específico: Le opere dell’uomo. I frutti della terra. Antologia di poesie sulle arti per procurarsi il nutrimento.
Os responsáveis pela organização garantem que os que passearem no Pavilhão terão a sensação de sentir a evolução da História do homem no seu avanço cultural. É através da alimentação o homem cria a linguagem, os símbolos, o alfabeto, a poesia, o comércio e constrói a cidade. O alimento foi o motor da cultura.
No entanto se deve refletir e não confundir o combustível da cultura com ela mesma. O combustível de um carro não é igual ao carro. É apenas um motor. A realidade que daí advém difere em gênero e forma. Assim como o carro precisa do combustível o homem também o necessita. Mas a cultura que o homem produz não é seu combustível. Haja vista que o animal também se serve do mesmo combustível, mas não cria cultura. Ele até pode emitir sinais de inteligência, no entanto não conseguiu criar um instrumento material que a fixe para outra inteligência interpretá-la.
Por isso é louvável a iniciativa do Pavilhão Zero da Feira de Milão de possibilitar uma meditação sobre a especificidade da inteligência do homo sapiens. Ele não só pensa como consegue criar ferramentas para fixá-la e transmiti-la a outros seres humanos para todos os tempos e lugares.


(1. http://www.expo2015.org/it/esplora/aree-tematiche/padiglione-zero
2. https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=imagens+ca%C3%A7adas+inscri%C3%A7%C3%B5es+rupestres+mata+rs)


5 comentários:

  1. Muito interessante, até gostaria de estar lá.

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  2. Muito sugestivo Pavilhão Zero e a evolução da história.

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  3. Pavilhão zero e a evolução da história humana, isto é importante e único.

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  4. Que beleza diversas culturas irmanadas para serem apreciadas e reconhecidas, ninguém é completo sozinho,
    precisamos uns dos outros para evoluirmos.

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  5. Só de ler já dá vontade de estar lá, mas?

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