Foi
um choque para os franceses e, para os ocidentais em geral, o ataque executado esta
semana pelos irmãos Said e Chérif Kouachi ao jornal parisiense Charles Hebdo. Como o assassinato dos
jornalistas e policiais pelos dois irmãos foi executado por quem tem
treinamento militar, veio a tona que eles foram treinados pela Al Qaeda da Península Ibérica. A
organização assumiu a responsabilidade pelo atentado como represália às ofensas
feitas ao Profeta Maomé. Aliás, o mesmo jornal foi alvo de outro ataque terrorista
que destruiu sua redação em 2011, embora na ocasião sem causar nenhuma morte.
Agora a ação foi radical contra os jornalistas e matou boa parte da equipe que
compunha o hebdomadário.
A
razão alegada para o ataque foram as charges ofensivas ao profeta Maomé, uma
marca do jornal francês. Os jornalistas comentaram indignados o atentado
levando o assunto para a defesa da liberdade de expressão e de opinião, valores
do ocidente. Contudo, defender a liberdade de expressão só faz sentido num
determinado contexto, e, nos dois casos, o problema foi muito mais grave que o
desrespeito à liberdade de expressão. O segundo ataque sequer foi aos
jornalistas. Para entender o fato temos que olhá-lo noutra perspectiva à procura
dos motivos que levam a tais acontecimentos. Ainda que exista razões mais amplas
que as alegadas para os ataques como interesses estratégicos envolvendo a
criação de Estados Islâmicos ou repúdio puro e simples ao modo de vida
ocidental (inclusive à liberdade de imprensa), esses outros motivos têm origem religiosa
e contrapõe, pelo menos parte dos muçulmanos fundamentalistas, ao modo de vida
ocidental. Assim para entender esse movimento precisamos ter claro que não há
terrorismo religioso sem fundamentalismo, embora nem todo fundamentalismo
religioso leve ao terrorismo. Parece que o fundamentalismo religioso é o
problema a ser enfrentado e no caso, o fundamentalismo islamismo.
O
massacre no jornal francês seguido do ataque ao supermercado Kosher, onde outro
radical (Amedy Coulibaly) matou 4 pessoas antes de ser morto pela polícia,
obriga à seguinte questão: faz sentido uma interpretação religiosa do texto
sagrado que leve ao ódio ao diferente e estimule o assassinato como nos dois
acontecimentos? Não há na moral islâmica (deixemos de lado a moral filosófica
que normalmente importa pouco aos fundamentalistas) nenhuma restrição à
violência e defesa do respeito ao semelhante como algo sagrado a ser preservado?
Como a interpretação dos textos sagrados, de qualquer religião, é sempre
trabalho do homem, o fato indica duas coisas. Primeiro que é necessário despender todo esforço e inteligência
humanas no sentido de compreender os textos sagrados (de qualquer religião).
Esse trabalho, muitas vezes pouco valorizado, é essencial para melhor
compreensão desses textos. Segundo
que se mesmo as interpretações desses textos cercadas de todo cuidado
histórico, literário, hermenêutico, filosófico não assegura um conhecimento
perfeito e completo da vontade de Deus. A leitura fundamentalista, quase sempre
literal e pouco crítica conduzirá, a erros grosseiros de interpretação.
Considerando-se
que o islamismo não é uma religião do ódio e da barbárie, caberá as suas
lideranças religiosas se contraporem de forma clara e direta a essas interpretações
radicais. Se não o fizerem serão cúmplices desses atos. A melhor resposta à
ignorância praticada em nome de Deus é a inteligência colocada a serviço de
Deus. Está na inteligência e no estudo as melhores de chances de termos um tempo
de maior tolerância e paz entre os povos, cada qual vivendo sua fé e direção. E
para os crente do mundo valerão os muitos caminhos que nos conduzem verdadeiramente
até Deus.
Nada mais absurdo do que esta tragédia. O nome do SENHOR usado para o ódio.
ResponderExcluirAbsolutamente perfeita a explicação para esta guerra de ignorância. Agora entendi. Ótima explicação.
ResponderExcluirSe observamos os mandamentos e, vivemos a máxima de qualquer pregação cristã, não faça aos outros o que não queres que te façam, então que vivamos em paz.
ResponderExcluirQue cada um cuide de si e responda por seus atos.
Realmente nada como uma boa interpretação. Textos bíblicos precisam de conhecimento.
ResponderExcluirDeus é vida, a palavra do Senhor, é só Amor.
ResponderExcluirAcho que cada um anda interpretando a seu modo, assim se explica tantos usurpadores do próximo em nome do SENHOR.
ExcluirQueimarão no inferno de suas consciências.
Choque para o mundo inteiro, mas logo esquecem, tudo passa, só os que perdem familiares sabem esta dor.
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