terça-feira, 11 de junho de 2013

MATA. Selvino Antonio Malfatti






Na região central do Rio Grande do Sul, no município de Mata, existe uma das maiores preciosidades geo-paleontológicas. Trata-se de uma mutação de madeira em fóssil. O que antes era um vegetal agora é uma pedra. A penetração da sílica (espécie de vidro) nos vegetais foi um processo vagaroso, de expulsão das substâncias de madeira, que aos poucos vai se cristalizando e conservando as estruturas das células. As plantas fossilizadas em Mata sofreram esse processo chamado substituição, por meio do qual os elementos minerais, carregados pela água de percolação, expulsaram os tecidos da planta. Com isso, a forma externa de vegetal ficou preservada, mas seu conteúdo foi substituído: na verdade, deixou de existir, restando somente sua estrutura. O que existe são pedras em forma de árvores que se fragmentaram por ação basáltica.
Todo este material era considerado um estorvo pelos habitantes até que um vigário, Padre Daniel Cargnin, estudioso da paleontologia lhe dá o verdadeiro valor. Padre Daniel transformou Mata, uma cidade bucólica, semi-agrícola, em centro turístico, passando a ser considerado um “museu a céu aberto”. Com efeito, essa imagem confere com a realidade, pois quem percorre esse pequeno município encontra fósseis de madeira nas praças, nas calçadas, nas ruas, nos barrancos, nos pátios das casas, nos terrenos, nos sítios, nas matas, enfim, as pedras estão em toda parte. Assim como na cidade de Florença, na qual, para onde se olhar se vê arte, em Mata se enxerga madeira fossilizada em toda parte. Mata passou a fazer, de fato, jus ao nome “mata”
Com o advento do turismo, a cidade foi reestruturada para atender à nova realidade: as ruas sofreram um novo traçado. Ergueu-se um hotel com o sugestivo nome de Paleon Hotel. Construiu-se um museu, demarcaram-se sítios arqueológicos, elaboraram-se folders. Criaram-se sites. Foi uma guinada, pois passou de cenário agrícola para turístico.
Neste processo de mudança, a atividade de ornamentação seguiu um plano: dar sentido aos locais, por meio da preservação da madeira fossilizada. Cada praça, rua, gruta ficou contextualizada no todo. E é para esse cenário que os visitantes são convidados a contemplarem: natureza dada por Deus e remodelada pelo homem. Padre Daniel estabeleceu assim, uma simbiose entre o natural, sobrenatural e o humano.
Esta postagem vem a propósito do aniversário de 48 anos de emancipação político-administrativa do município, celebrado em 13 de junho, cuja data celebra-se o Dia de Santo Antônio, padroeiro da paróquia. As duas maiores religiões do município são a católica e luterana, seguidas provavelmente pela Assembléia de Deus. A atividade econômica predominante é a agricultura de arroz e fumo. Em relação às etnias predominam descendentes de italianos e alemães, mas com forte presença lusa. http://www.youtube.com/watch?v=HGhDHnFZOtI

LEI ESTADUAL N ° 4.836,
DE 2 DE DEZEMBRO DE 1964.
CRIA O MUNICÍPIO DE MATA.
ILDO MENEGHETTI, Governador do Estado do Rio Grande do Sul:
Faço saber, em cumprimento ao disposto nos artigos
87, inciso II e 88, inciso 1, da Constituição do Estado, que
a Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono e promulgo a Lei seguinte:
Art. 1° - É criado o novo Município de Mata, com Sede na localidade do mesmo nome, constituído dos atuais Distritos de Mata, Clara e de parte do de Demétrio Ribeiro, todos pertencentes a General Vargas.
Art. 3º - A Câmara Municipal, para o primeiro período legislativo, será constituída de sete membros, que terão concluídos seus mandatos a 31 de Dezembro de 1967.
Art. 4° - Os mandatos do primeiro Prefeito e Vice- Prefeito extinguir-se-ão em 31 de Dezembro de 1967.
Art. 5º - Revogam-se as disposições em contrário
Art. 6° - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 2 de dezembro de 1964.
ILDO MENEGHETTI
Governador do Estado


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