sexta-feira, 17 de junho de 2011

A TROIKA DO SOCIAL NO BRASIL – EDUCAÇÃO, SAÚDE E PREVIDÊNCIA. Selvino Antonio Malfatti.


Há uma euforia no ar, no Brasil de hoje. Também pudera! Desde que me conheço por gente sempre ouvi falar no Brasil como “país do futuro”. Pergunto-me: terá chegado este tal de futuro, tão desconhecido e sonhado pela minha geração? O que é mesmo este futuro presente?
Evidentemente, deve referir-se à qualidade de vida, com os ingredientes: saúde, emprego, renda, educação, segurança, previdência. Vamos dar uma repassada em alguns destes itens, detendo-nos na troika do social brasileiro: Saúde, educação e previdência.
EDUCAÇÃO
Comecemos pela educação, leiv motiv, dos políticos. As crianças brasileiras estão nas aulas, quase cem por cento. Isso estatisticamente. Mas, sociologicamente a realidade é outra. Conforme os critérios internacionais, menos que um terço lê e se expressa corretamente no idioma e menos ainda possui capacidade para fazer as operações básicas da matemática no fim do ensino fundamental. A permanência em sala de aula, nas escolas públicas, não passa de três horas diárias. Nas escolas privadas há uma sensível melhora, mas não chega atingir o padrão internacional. Acresce-se que a boa porcentagem presencial está ligada à exigência do “Bolsa Família”, pois para receber este benefício é preciso comprovar a freqüência.
SAÚDE
Outra questão controversa é a saúde. O Brasil não sairia perdendo se comparados os gastos com os de outros países inclusive mais desenvolvidos. O problema é a má gestão. A distribuição de recursos atende a critérios políticos e não técnicos. Enquanto em determinados hospitais há leitos vagos, em outros o panorama é um inferno dantesco: corredores abarrotados de doentes, UTIs funcionando em enfermarias, doentes em agonia nas macas, médicos estressados, enfermeiros desmaiando. Há demasiada concentração de pessoa e recursos em alguns hospitais enquanto outros não têm nada. A população doente acaba se afunilando e o resultado é este. Se cada município tivesse um bom hospital minimamente equipado a situação poderia ser revertida. Pelos recursos isto seria possível, mas pelos critérios não.
PREVIDÊNCIA SOCIAL
Há uma legislação de previdência social em vigor. Depois de determinados números de contribuições e atingida certa idade, os contribuintes se aposentam. Além disso, com forme a lei,durante este período, lhes é assegurado atendimento médico hospitalar. 
Só que o dito atendimento médico-hospitalar básico é inócuo. Na maioria das vezes as consultas são feitas a granel. O médico vai logo passando a receita e muitas vezes nem olha para o paciente. Somente procura o Sistema Único de Saúde – SUS - quem não tiver mais nada além dele, de tão baixa qualidade que é. Resta a seguridade de aposentadorias. Este é um dos gargalos mais cruciais do Brasil. Qual é o problema? O déficit. Qual a solução? Cobrir a dívida - mais ou menos cem milhões – e equilibrar receita com despesas. Como fazer? Aí é que está a questão. Aumentar impostos não dá mais. O brasileiro já está pagando quase 40% de sua renda. Diminuir os salários, também não dá devido aos direitos adquiridos. Suspender os investimentos?Nem falar, pois como absorver a nova mão de obra jovem já se empurrando para ingressar no mercado de trabalho, a demanda de aposentadorias e o aumento da expectativa de vida? Parece que o bom senso e o justo seria uma previsão para um equilíbrio gradativo em longo prazo, isto é, prever para os futuros aposentados e pensionistas. Após isso a Previdência poderia fazer atendimento médico-hospitalar, aposentadoria e outros benefícios, os quais estariam rigorosamente previstos e calculados conforme a lei da oferta e procura num sistema autosustentável. Isto aconteceria através do aumento do tempo de contribuição, aposentadorias alternativas e complementares, buscadas no setor privado.
Como se vê, o Brasil estatístico é uma coisa e o Brasil sociológico é outra. Por isso, cuidado com a ufania. Parece que o ditado romano de que a mulher de César não só deve ser honesta, mas parecer, no Brasil deve ser lido ao contrário na questão social: não só parecer, mas ser.
Além destes três grandes indicadores, poder-se-ia analisar o trabalho, a violência,a  impunidade e outros componentes sociais.
Estas reflexões vieram-me à mente a propósito do lançamento, neste mês, do livro do sociólogo brasileiro Simon Schwartzman, “Brasil: a Nova Agenda Social”. 


9 comentários:

  1. Este tripe,saúde,educação e previdência social são as garantias escritas em nossa Constituição de 88,porém como colocaste já não somos o País do futuro mas, vivemos um presente carregado de incertezas porque, as garantias para que as leis sejam cumpridas geralmente vão parar nas promotorias e,lá o tempo é que vai determinar a continuidade da vida deste cidadão usuário.As leis são escritas,regulamentadas mas a burocracia e a falta de entendimento que a população não tem de seus direitos,os torna reféns de políticos inescrupulosos que, aproveitam-se do conhecimento das políticas públicas para beneficiarem-se arrecadando votos. Quanto a educação ainda não conseguimos atingir 6.0 para sermos considerados um país desenvolvido,estamos num sofrível 4.6 avaliação de 2009 que mede o índice de desenvolvimento da educação básica.Há uma previsão de que esta meta de alcançar a média 6.0 só será atingida em 2022.As informações atuais da revista Escola do mês de abril de 2010 é chocante pois pela divulgação da Organização das Nações Unidas para Educação a Ciência e Cultura(UNESCO),vivemos um momento de desenvolvimento econômico,mas as desigualdades e as limitações nos dão tristes índices de 0.7milhões de crianças fora da escola e 14 milhões de adultos analfabetos...são os sobrantes que não vão chegar ao mercado de trabalho por falta de qualificação.As políticas publicas feitas dentro dos gabinetes geralmente estão fora da realidade...escolas do interior com computador,é muito bom,mas a prefeitura não recebem dinheiro para transporte escolar.Estas contradições afastam as crianças da escola.A Previdência Social se bem administrada seria como o Previ(previdência do banco do Brasil)com grandes aplicações,distribuindo o benefício de seus dependentes com as garantias propostas.Mas Previdência social sempre foi usada por políticos descompromissados e,se fosse feita uma auditoria a fundo provavelmente o Tesouro Nacional é devedor pois,muito dinheiro da Previdência nos anos da ditadura cobriram grandes obras como a Itaipu Binacional.Assim continua a pergunta será que chegamos ao que se dizia futuro só porque o momento econômico é favorável........e a educação vamos aceitar que chegue a média de desenvolvimento em 2022...Realmente somos um País de contradições o estatístico e o sociólogo.

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  2. Responsável por um dos mais respeitados indicadores educacionais do planeta, o Programa Internacional de Avaliação Comparada (Pisa), o físico alemão Andreas Schleicher, 45 anos, desembarcou sábado na Capital gaúcha. Há oito anos, ele acompanha uma prova aplicada a estudantes de 15 anos de países desenvolvidos, em uma iniciativa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No ranking, os brasileiros estão na lanterna. Ocupam a 53ª posição em matemática (entre 57 países) e a 48ª em leitura (entre 56). Para Schleicher, na Capital para abrir o 10º Congresso da Escola Particular, na quarta-feira, o Brasil poderia ter “metas muito mais audaciosas de ensino”.

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  3. O brasileiro sofre com uma das mais altas cargas tributárias do planeta. Em tese, isso lhe garantiria um atendimento de saúde universal e decente. Mas não. Só em sete capitais, mais de 170.000 pessoas terão de esperar até cinco anos por uma cirurgia não emergencial. Nos hospitais e pronto-socorros, mais filas e queixas quanto à qualidade do atendimento. Esta realidade que está aí será que podemos ter esperança.Sejamos realistas se a revista Veja publicou este texto quem cuidará da saúde da população carente?

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  4. Os dados comprovam, devemos fazer muito mais do que aparentemente foi feito pela educação nesse país até então, e ai, começar por onde se ainda estamos perdidos em um infinito mundo metas sem efetividade aparente. Acreditar... é possível sim, desde que coloquemos as pessoas certas para desembaralhar esse quebra cabeças que é a educação brasileira, e que no dia a dia possamos fazer o mínimo em nossas ações educativas, mesmo que não sejamos professores como os que aqui escrevem, isso sim poderá ser um bom futuro, construção, reflexões, críticas, ação de fato, não adianta ficar reclamando, vamos todos agir!

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  5. Para o crescimento completo de um país não basta só os índices econômicos,as grandes industrias precisam de pessoas qualificadas para trabalhar...educação,pessoas com saúde...e as garantias de uma previdência.

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  6. A educação brasileira pode até ser um quebra cabeças,mas o que realmente precisa ser mudado é o entendimento de que se os tempos mudaram os currículos dos cursos de licenciatura precisam adaptar-se...ex.na pedagogia estuda-se muitas teorias...mas a prática é sofrível,amarrada.

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  7. O nosso entendimento é para que tenhamos educação de qualidade para todos os brasileiros,não diferenciando o publico do privado.Mas as notícias do momento falam da abertura dos arquivos que guardam a história que não conhecemos,a ditadura militar.Talvez venhamos a conhecer uma nova história,que será passada a limpo.Resta saber a quem irá beneficiar...

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  8. Valiosa a contribuição dos comentaristas supra. A ênfase deu-se à educação, mas a Previdência e saúde também foram contemplados. Continua em aberto o debate.

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  9. Bem, realmente não sabemos a história que o S.N.I. guarda,mas com certeza as editoras estão esperando para colaborar na edição dos livros que serão impressos com a competência do Ministério da Educação.Haja paciência..........

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