No dia 8 de maio deste ano em várias dioceses do Brasil foram abertas as Portas Santas. Em Santa Maria, o evento religioso foi comemorado no Santuário estadual da Medianeira e Santuario de Schoenstatt. Este
acontecimento religioso católico está inserido no contexto do Ano Jubilar da
Misericórdia, determinado pelo Papa Francisco. O período durará de 8 de
dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016, considerado Ano Santo da
Misericórdia. Os católicos que cumprirem com as exigências poderão receber o
perdão completo dos pecados até mesmo dos sujeitos à excomunhão como aborto e
crimes de sangue.
Nas dioceses escolhidas pelo papa, os bispos indicarão
os templos que terão a Porta Santa. Consiste numa porta de entrada de igreja,
devidamente assinalada com as cores do Vaticano, que será aberta pelo bispo no
dia indicado. Quem, com intenção de arrependimento, entrar por aquela Porta
receberá o perdão dos pecados. Para tanto, os católicos deverão:
– Passar pela Porta
Santa
– Confessar-se
– Comungar e refletir
sobre a misericórdia
– Rezar nas intenções
do Papa (a Profissão de Fe ou Credo).
A origem da prática da Porta Santa é pré-cristã. Os
fundamentos estão no Jubileu hebraico que consistia em cada 50 anos propiciar o
repouso da Terra. Evidentemente era uma medida com o objetivo de tornar a terra
mais produtiva para os anos seguintes. Neste ano eram devolvidas as terras
confiscadas para pagamentos de dívidas e a libertação de uma boa parte dos
escravos. A origem da palavra jubileu está no corno de carneiro, jobel, que soava
marcando o início da data.
Da parte dos cristãos a instituição do Jubileu surgiu com
a prática da peregrinação a Roma a qual iniciou mais ou menos espontaneamente.
Desde os primeiros séculos da era cristã periodicamente multidões de peregrinos
costumavam a se dirigir a Roma. No século sétimo a cidade de Roma foi
substituída por Jerusalém. No entanto, as peregrinações de fim de ano
continuavam a afluir a Roma. Foi então que Bonifácio VIII, no ano de 1300,
lançou o primeiro Ano Santo. Determinava que quem visitasse durante o período
de 30 dias, para os romanos, e 15 para os peregrinos, as basílicas de São Pedro
e São Paulo receberia o completo perdão dos pecados.
Já no século XV as peregrinações continuavam a se
sucederem e passaram a ser fonte de rendimentos para hospedeiros, banqueiros e
comerciantes. Evidente que enormes somas iam parar nos cofres da Igreja. O papa
Nicolau V, no século XV, inovou ao determinar que quem não pudesse ir a Roma
poderia receber a indulgência pagando uma determinada quantia de dinheiro.
Embora a ganância pelo dinheiro aumentasse sempre mais e
as touradas passaram a ser o grande evento dos peregrinos, a celebração mantinha-se
dentro dos padrões. A venda das indulgências, contudo, extrapolou os limites.
Tornou-se um mercado. Quem não tinha algum pecado escondido no fundo do baú louco
para se livrar? Agora se tornou fácil. Bastava pagar, e pronto! Estava livre. Propagou-se de tal maneira que levou ao cisma do cristianismo ocidental europeu após a reforma de Lutero
e o esfacelamento religioso cristão.
Foi no pontificado de Alexandre VI que se fizeram algumas
modificações na instituição da Porta Santa. Foi com ele que se introduziu a
prática da Abertura da Porta Santa nas
quatro basílicas jubilares. Mais tarde a instituição foi estendida às dioceses
sob a responsabilidade do Bispo.
No entanto, continuavam a se sucederem os anos jubilares
com as aberturas das Portas Santas em meio à corrupção e devassidão, vícios,
jogos, procissões com alegorias carnavalescas, problemas de higiene e saúde
pública, com epidemias como a bubônica. Inclusive, no jubileu do ano de 1600,
houve o julgamento e cremação do filósofo Giordano Bruno, pelo Tribunal da
Inquisição.
A situação tornou-se tão insuportável que em 1725 o Papa
Bendito XIII estabeleceu algumas proibições. Foi o caso da proibição das
loterias, de cheirar tabaco no interior da Basílica de São Pedro e suspensão
das touradas no Coliseu. Mas foram apenas reformas periféricas, sem atingirem o
essencial.
O jubileu de 1875 em Roma ocorreu em meio a problemas entre o
Vaticano e o poder civil romano, pois aquele havia sido anexado ao Reino da
Itália. O Papa Pio IX trancou-se no Vaticano declarando-se prisioneiro dos
“usurpadores piemonteses”.
O ano de 1950 foi marcado por novos tempos. Dois milhões
e meio de fiéis participaram. Os peregrinos puderam viajar de avião. Foi
canonizada Maria Goretti e proclamado o dogma da Assunção da Virgem Maria.
Já em 2000, João Paulo II estendeu a indulgência a quem
acompanhasse as cerimônias por rádio ou televisão e as Portas das quatro
basílicas foram abertas. As Portas Santas se espalharam pelo mundo, inclusive
atualmente até há até portáteis, como as das Ilhas de Salomão.
(Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/208511/O-Ano-Santo-da-Miseric%C3%B3rdia-Anistia-geral-a-todos-os-cat%C3%B3licos-arrependidos.htm)
(Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/208511/O-Ano-Santo-da-Miseric%C3%B3rdia-Anistia-geral-a-todos-os-cat%C3%B3licos-arrependidos.htm)
Porta Santa móvel em peregrinação pelas Ilhas Salomão
Mas é muito interessante, não tinha conhecimento deste ritual na Igreja Católica.
ResponderExcluirPortas santas e portáteis. Interessante, isto é evolução.
ResponderExcluirMuito interessante. Nunca tinha ouvido falar sobre esta PORTA.
ResponderExcluirAcho que vai faltar porta de Salomão para nos penitenciarmos.
ResponderExcluirIsto é incrível, sou católico e nunca ouvi falar desta forma de apagar pecados.
ResponderExcluirSó tem uma verdade, vamos colher o que plantamos. Então é fé e boas ações.
Escutei alguém falar, até pensei que era do passado. Muito interessante. Gostei. Bela explicação.
ResponderExcluirOlha, aí começou o capitalismo. Vendas casadas, pecado/perdão/ valores.
ResponderExcluirUma história pouco conhecida. Valeu.
ResponderExcluirE uma longa história.
ResponderExcluirComo que ainda persiste nestes tempos?
ResponderExcluirFiquei admirado. E os católicos? Acreditam que vão ser perdoados.
Muito interessante o blog.
ResponderExcluirÉ informação. muito bom.
ExcluirMuito interessante.
ResponderExcluirInteressante, prefiro salvar-me fazendo caridade e bem a meu próximo.
ResponderExcluirNão associava Porta Santa com Indulgência.
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirvitorhugo1@diocesesantamaria.org.br
ResponderExcluirBom dia prezado amigo. Seu texto está bem construído e de fácil entendimento. Parabéns pela pesquisa. Vou conferir hoje com Dom Hélio quais são os locais de porta santa na cidade de Santa Maria e na arquidiocese. Me parece que a catedral diocesana, o convento carmelita e a capela de Santo Antão também são locais oficializados pelo arcebispo. Lhe repassarei os dados. Saudações e boa semana.
Vitor Hugo 13:34 Manter esta mensagem na parte superior de sua caixa de entrada
ResponderExcluirPara: 'selvino malfatti'
Boa tarde. Almocei com o nosso arcebispo e ele lhe envia um abraço, juntamente com um exemplar do livro dele. Devemos nos encontrar para que eu lhe entregue. Na cidade de Santa Maria, os Santuários da Medianeira e Schönstadt, a catedral e a capela do Carmelo são os lugares oficiais para buscar indulgência. Fora de Santa Maria, o Santuário paróquia de Cacequi também é. Alem disso, emergencialmente todas as matrizes paroquiais devem ter sua porta santa e nela pode ser adquirida a indulgência. Tudo isso está publicado no jornal O Santuário. Dom Hélio falou assim: diga ao Selvino para deixar de ser pão duro e assinar o jornal da arquidiocese; além de bem informado, estará contribuindo com a boa imprensa.