Uma das queixas mais repetidas nas redes
sociais sobre o último processo eleitoral que levou à Presidência a Sra. Dilma
Rousseuff foi a falta de objetividade na apresentação dos problemas nacionais e
na condução no debate político. Queixa-se que a atual Presidente não expôs
claramente os problemas e a forma de enfrentá-los. E isso é uma amarga verdade,
embora também exista junto à queixa legítima muito golpismo e recusa do
resultado eleitoral por um grupo da elite política e social do país de índole
não democrática.
O problema é grave não porque a atual
Presidente fez isso. Esse hábito ruim tornou-se prática corrente em nosso
tempo, para todos os cargos e para quase todos os processos eleitorais que
assisti nos últimos 30 anos. Tancredo Neves e Itamar Franco, à parte as
excentricidades deste último, foram os únicos Presidentes que falaram antes as
dificuldades que o país precisava enfrentar e a forma como precisava ser feito
antes de assumir os cargos. Resumamos o problema. Nos últimos processos eleitorais o marketing televisivo e a propaganda
fantasiosa substituiu ou eclipsou o debate político e a apresentação dos
programas partidários. Espantou-se a verdade política para o reino da fantasia
e da mentira. Essa situação se agrava pela multidão de partidos presentes no
cenário nacional, sem definição ideológica, boa parte deles legenda de aluguel
ou espelho de vaidade para dirigentes.
Para não ficarmos em teoria não custa
refrescar a memória da campanha eleitoral que levou a Presidência o Sr.
Fernando Henrique Cardoso. Entre outras coisas não ditas ou anunciadas, ele
quase acabou com a gratuidade do ensino público universitário e por um triz não
acabou também com a Universidade Pública. Foi assessorado pelo Ministro da
Educação que escolheu, o Sr. Paulo Renato de Souza, um político banqueiro que
se fantasiou de educador. Esse senhor que, de fato nunca foi educador, não
escreveu um único trabalho sério sobre o assunto, não deixou nenhuma
contribuição notável na área, tornou-se ministro da educação e secretário da
educação dos governos de São Paulo. Pergunto: depois de sua morte alguém leu
alguma obra que ele deixou sobre educação? Foi defendida alguma tese
universitária sobre sua pedagogia? É pena, mas tornou-se prática colocar um
político e não um especialista para ocupar a pasta da área. Pior que esse mal
costume foi vê-lo apresentado, pela imprensa sectária e ignorante como grande
educador, um notável especialista que estava fazendo revolução pedagógica. Na
verdade, isso não é fazer política de
forma séria. Isso é esconder a verdade na política, uma prática que tem
se repetido desde então.
Espero que as atuais críticas não fiquem
no episódio do dia e levem a superação do erro que o alimenta, que se exija
qualidade no debate político. É o que se espera daqueles que se preocupam não
com as próximas eleições, ou com benefícios pouco confessáveis, mas com o
futuro do país. É preciso partidos políticos ideologicamente definidos, em um
número razoável (o atual é fora de propósito), é necessário tornar hábito o
esclarecimento dos problemas políticos, é necessário substituir o marketing
fantasioso, por uma avaliação objetiva dos problemas, é preciso nos associar ao
melhor do mundo civilizado: defender a liberdade, o estado de direito e a
pessoa humana.
O propósito da política é conduzir o
destino do país, edificar uma sociedade melhor, mais justa, menos desigual,
sabendo que isso não virá com as práticas correntes do idealismo jurídico (ou
por lei e decreto), medidas populistas, marketing fantasioso se sobrepondo ao
debate político, fantasia sobre a realidade, com partidos políticos sem
ideologia e programas claros, sem trabalho, sem esforço sério,enfim, sem
verdade política.
Os candidatos falham em não expor os planos de governo e os eleitores aceitam abacaxis sem questionarem a verdade.
ResponderExcluirQue triste aguentar politiqueiros sem competência,este ai Paulo de Souza que é bom nem lembrar.
ResponderExcluirSó um grande conhecedor poderia fazer uma análise realista
ResponderExcluircomo fizeste, isto significa conhecimento, pena que assusta os incompetentes que dirigem nosso país.
Muito bom, analise real e profunda.
ResponderExcluirPrecisamos pessoas comprometidas com a EDUCAÇÃO.
ResponderExcluirEducação,ética.
RESPONSABILIDADE.