Volta às Aulas
Chegou de sopetão. De início mostrava-se inofensivo o Leviatã. De repente acionou a ceifadeira e ia botando no chão tudo o que encontrasse. Todo mundo perdido. Alguns diziam que não era nada. Seria fácil, fácil de debelar. No entanto, avançava semprer mais mortífera a fera monstruosa. Primeiramente atingia os idosos, depois os mais jovens com comorbidades, em seguida os adultos. Alastravam-se mortes por toda parte. Tentaram-se todas as estratégias, inclusive suspender as aulas presenciais. Todos passaram para o ensino remoto.
Enquanto isso os pesquisadores trabalhavam dia e noite para conseguir a vacina. Depois de um ano, finalmente foi descoberta e a fera mortífera estava enjaulada. As medidas foram afrouxando até que decidiram permitir a volta às aulas dos estudantes.
Após um ano e meio de pavor, será que são as mesmas
pessoas que voltam às salas de aula depois da pandemia? Umas tiveram que
abandonar às pressas as aulas, pois o vírus estava avançando avassalador como
uma larva de vulcão. Muitos voltam mais pobres por que os pais perderam o emprego,
outros a casa, outros algum bem lucrativo para família. Pior, há quem volte
sozinho por ter perdido um ente querido. Neste caso a volta vem acompanhada
com a morte na alma. Embora não tenha sentido a dor da morte pessoalmente
pressentiu sua presença rondando por perto. O medo apontou no horizonte. Alguns
saltaram de crianças para adultos. O mal atingiu a todos não só pelo perigo,
mas por não saber como enfrentar o perigo. Os que estavam em dificuldades
econômicas, culturalmente pobres, socialmente marginais, idosos doentes. Estes caíram como folhas secas. Mas há também ricos, saudáveis, bem sucedidos, jovens
vigorosos que igualmente caíram. Em síntese: caíram todos: de todas as classes, saudáveis
e não saudáveis, jovens e idosos. A pandemia não foi seletiva, ao contrário,
atingiu a todos.
Em que pese a vacina ter
encurralado a fera a sensação de insegurança persiste e por isso o medo acompanha
sempre todo mundo, até mesmo os jovens que parecem não se importar na sua
algazarra.
Por isso ninguém voltará
mais como era antes. Todos, de uma maneira ou outra, foram atingidos. Aquele
mundo seguro, promissor e ao mesmo tempo frágil desmoronou. O antes não existe
mais e o agora ainda não surgiu. Estamos soltos entre o passado que desapareceu
e o presente que ainda não foi criado.
É verdade que ficamos felizes por voltar às aulas, mas onde está fulano? E este que está aí não é um perigo para mim? Ele pode me contaminar e me matar. Será então meu amigo? Colega de infortúnio? Como posso ser amigo de alguém quando o vejo dentro de mim como potencial inimigo? O que devo fazer? Devo manter distância (a propaganda com precaução insiste nisso). A distância que devo manter dos demais se converte em o outro manter distância de mim. Onde? Na recreação, sala de aula, casas. Ficar longe, de quem, quanto? Até quando? A ordem:
- Não toque, não se aproxime!
Verdade, nunca mais seremos os mesmos,tivemos um pesadelo, o mundo mudou.
ResponderExcluirTudo mudou rapidamente, tivemos que nos adptar, voltamos, temos segurança, mas os cuidados continuam.
ResponderExcluirProcurando conhecer a história, apreendemos que muitas pandemias aconteceram, o problema se tornou mais complicado por tantas informações destorcidas, incorretas e politiqueiras.
ResponderExcluirSe houvesse prevenção, com programas de cuidados as famílias, possivelmente estaríamos mais preparados, haveria menos pânico e muitas vidas teriam sido poupadas.
Continuamos com os protocolos de cuidados, vida que segue.
ResponderExcluirA volta as aulas?
ResponderExcluirNovas adaptações, muitas voltaram, crianças felizes convivendo com seus coleguinhas.