Há
poucos dias amanhecemos com a triste notícia de que 25 pessoas morreram na
revolta popular, na Ucrânia, contra o governo do Presidente Viktor Yanukovich. Dos
mortos 9 são policiais. Outras 241 pessoas foram hospitalizadas em estado
grave, sendo 79 policiais e 5 jornalistas. Segundo agências internacionais,
prefeituras de algumas cidades da Ucrânia foram tomadas no interior do país e,
em Ternopil, até a delegacia de polícia foi ocupada pelos revoltosos. O pano de
fundo do confronto é ressaca da Guerra Fria. De um lado, a população desejosa
de aproximação com a Europa Ocidental, sonhando com uma vida melhor e
aperfeiçoamento democrático das suas instituições, de outro a pressão do
Governo Russo que teme perder o aliado histórico e apoio da maior e mais rica
entre as antigas Repúblicas aliadas da Rússia no desfeito bloco Soviético. Entre
os interesses conflitantes, tendo que administrar a pressão dos dois lados e
sem saída simples, o governo do Presidente Yanukovich.
O
nível do conflito mostra a perda de controle da situação, com clamores do Papa
Francisco pelo fim da violência na Ucrânia, ameaça da ONU de tomar medidas
contra o governo e ameaça da CE de também aplicar punições ao país. A maioria
da população está em casa, assustada com o crescimento da violência: as escolas
estão fechadas, a economia do país está parando. São muitas as cidades afetadas
pelas revoltas.
Sem
o mesmo clima de guerra, mas em situação de crescente tensão Venezuela e Tailândia
enfrentam revoltas contra seus governos. Nos dois países não se sabe para onde
pode rumar os acontecimentos, mas neste último há notícias da morte de cinco
pessoas somente ontem dia 19 de fevereiro. As pessoas mortas estavam envolvidas
nas revoltas contra o governo da primeira ministra da Tailândia Yngluck
Shinawatra.
A
referência a esses três países parece suficiente para ilustrar o que quero
dizer, embora a violência não esteja restrita neles. Ela se alastra por todos
os cantos do mundo, desde a Guerra no Mali até a situação de quase descontrole
no Iraque, na aberta Guerra Civil da Síria e nos atentados terroristas no
Paquistão. Todos esses episódios possuem em comum a revolta da população contra
governos que não são liberais democracias, nem possuem tradição democrática.
Por isto, a revolta popular se aproxima de verdadeira guerra civil, onde ainda
não se tornou tal. Em todos os casos citados a população espera mudar governos,
embora no Mali haja envolvimento do terrorismo religioso e disputas étnicas,
deixando confuso o quadro político.
A
imprensa inadvertidamente chama a esses atos de guerra civil ou de terrorismo
explícito de manifestações, como se
tratasse do mesmo fenômeno existente nas nações livres. Outro dia assisti um
conhecido jornalista da Globo News dizer que cobrir manifestações está muito
arriscado hoje em dia, sem se dar conta de que não está falando de
manifestação, ou pelo menos, não daquela que defendemos como direito legítimo
que a população tem, nos países de tradição liberal democrática, de manifestar
sua opinião sobre os assuntos que envolvem o destino da sociedade.
Pior
e mais confuso fica o quadro nacional quando altos representantes do governo
brasileiro mencionam o direito legítimo às manifestações, para se referir aos
atos de revolta e vandalismo, sustentados e organizados por radicais inimigos
da democracia representativa, que se espalharam pelo país. Não importa a raiz
ideológica: radicais de esquerda e direita são inimigos da democracia
representativa e levarão o país ao caos para tomar, pela força, o governo.
Nenhum destes grupos radicais serve à democracia conquistada com sangue e
sacrifício pela geração que criou a Nova República. A Ditadura vencida iniciou,
em 64, justamente quando o governo perdeu controle das chamadas manifestações sociais.
Na
expectativa de não ver nosso país caminhar para os atos de violência que não
fazem sentido num sistema democrático com liberdade de expressão e caminhos
institucionais funcionando plenamente para a mudança dos governantes que não
atendam a sociedade, faço distinção entre manifestações democráticas
asseguradas em lei, dos atos de rebeldia e vandalismo, contrários à lei e a
ordem que levaram recentemente a morte do jornalista da Rede Bandeirantes.
Neles já está provada a participação de partidos políticos radicais de esquerda
que aliciaram jovens pelas redes sociais e financiaram a baderna e o
quebra-quebra, pois desejam destruir a estabilidade do país com a chamada
pressão popular. Esses radicais, aproveitando-se do clima de insatisfação
decorrente da redução do nível de desenvolvimento econômico e das fantasias
criadas em volta da Copa do Mundo, querem instaurar o caos para se beneficiar
dele.
Esperemos
que as autoridades da República saibam não só defendê-la dos violentos como
explicar as coisas à sociedade. O que são mesmo manifestações democráticas nos
países livres?
Não tinha tido a oportunidade de ler sobre estes acontecimentos uma explicação tão profunda, onde se pode entender as raízes dos conflitos, quais interesses que movem e muito claramente que governos devem ter posições claras. É isto mesmo o recado está dado. PARABÉNS, como dizem, para o bom entendedor meia palavra basta.
ResponderExcluirMuito boa esta explicação.
ResponderExcluirSó tenho que agradecer,boa leitura. Valeu.
ResponderExcluirQuando explode tanta violência,temos que sair fora dos comentários de pessoas sem conhecimento, estaremos aprendendo,aqui aprendi. OBRIGADO.
ResponderExcluirBom mesmo.
ResponderExcluirConcordo e o que estamos vendo é vandalismo pois, se fosse algo bom em defesa de dreitos não precisariam cobrir os rostos.
ResponderExcluirAmigo esta é a realidade, Como dizia vovô, barbas de molho.
ResponderExcluirManifestações em países democraticos são legitimas quando não estão mascarados,não são baderneiros.
ResponderExcluirAcho eu que por trás das manifestações os interesses são dos GRANDES,quem aparece são os laranjas,nossos analfabetos.
ResponderExcluirOlha uma leitura legal .Gracias.
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