sexta-feira, 12 de novembro de 2010
ROMARIA E FÉ -- Selvino Antonio Malfatti
Em Santa Maria, no centro do Rio Grande do Sul, neste dia 14 de novembro, será realizada a 67ª Romaria Estadual da Medianeira. É um evento que tem por foco central a fé em Nossa Senhora Medianeira. O tema fé destaca-se e é sobre ele que faremos uma reflexão.
O que faz centenas de pessoas deixarem seus lares e viajarem quilômetros e quilômetros para enfrentarem uma procissão, ao sol ou à chuva? O que faz outras “caminharem” de joelhos percorrendo ruas da cidade? O que faz fecharem os olhos, levantarem as mãos e rezarem com toda força de suas almas? A FÉ!
Mas o que é este sentimento exclusivamente humano? O que é a fé? Como nasce ou aparece? O que faz em nós?
Quando se dá conta descobre-se crendo. Há uma fé que se absorve ao natural. Sem que se perceba passa a fazer parte da vida. Ela penetra na alma através do leite materno, do ambiente familiar e social. Esta fé não se adquire, nasce-se com ela. É uma fé sem ruptura, pacífica. As decorrências e conseqüências seguem um fluxo normal dentro do meio que se vive. É uma fé de Santo Tomás, de São Francisco.
A outra se origina do conflito. Há um passado que precisa ser sepultado para poder dar espaço a ela. Esta fé nasce da violência consigo mesmo e com o meio. A partir da opção pela fé passa-se a queimar os antigos deuses e adorar o que se queimou no passado. É uma fé de São Paulo, de Santo Agostinho.
Há então duas direções: uma da fé para a razão e outra da razão para a fé. Geralmente quando se chega à fé pelo segundo caminho, ao da razão para a fé, esta não se a perde jamais. O primeiro caminho, o da fé para a razão, é aquele que mais leva a perda da fé. Pelo segundo, a razão sente-se insatisfeita, inquieta, frustrada pelas respostas da razão às questões existenciais. Pela primeira, a razão se sente quase traída pelas soluções propostas pela fé à razão. A razão que busca a fé dificilmente voltará atrás, mas a fé que busca a razão às vezes retrocede e se torna descrente ou ao menos sente mais dificuldade para conciliar razão e fé.
A fé é a transposição da incerteza do fenômeno para a certeza da verdade. A razão é a dúvida da certeza perante o fenômeno. A fé faz a passagem daquilo que é apenas uma hipótese, uma aparência, um indício para uma certeza. A razão se nega a atravessar o mundo do fenômeno e acatar a certeza. A certeza para a razão nunca existe a não ser a certeza da incerteza. A fé faz a passagem e após ela encontra a razão. A razão não encontra a fé, mas esta encontra a razão. A fé é uma antinomia da razão, mas a razão não o é da fé.
Feita a transposição da razão para a fé, tudo se torna mais fácil. A mente parece iluminar-se e a razão passa a perscrutar com infinita liberdade as magnas questões da ciência. A discussão atual, por exemplo, sobre a origem do universo através do Big Bang foi antevista por Santo Agostinho há quase dois mil anos: a ausência de tempo e espaço antes da criação. Tudo era nada e Deus não fazia nada e não preparava o inferno para os descrentes, como alguns queriam brincar com questões tão sérias. Se a fé precede a razão cronologicamente, a razão, posteriormente, fundamente cientificamente a fé. E enquanto houver fé, haverá esperança de caridade.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postagens mais vistas
-
Com certeza todos se lembram do belíssimo filme “O Nome da Rosa“ baseado no romance de Humberto Eco, filósofo e literato italiano. Nesse fil...
-
Por ocasião das cerimônias fúnebres do ex-presidente Itamar Franco, (falecido em 2 e cremado em 4 de julho deste) a cujos atos fúnebres c...
-
Resumo: Paolo Rossi foi um pensador sui generis. Ao mesmo tempo em que se preocupava com a questão da ciência procurava extrair desta...
Em nossa caminhada terrena muitas vezes somos confrontados com a dor que nos leva a muitos caminhos e,quando na dor sentimos a falta de fé,o amor nos fortifica mostrando que a fé caminha com esperança,perdão e confiança...Ter fé é acreditar,viver e,ser feliz hoje.
ResponderExcluirO perdão existe por que houve ofensa. Ele depende, por isso, da generosidade de cada um. Há um ditado que diz que Deus sempre perdoa, os homens, às vezes, mas a natureza, nunca!
ResponderExcluirTer fé é aceitar,acreditar e,confiar....Mas nós humanos sempre somos como pedra bruta que precisa rolar e,sofrer,para então na dor saber o que é a fé...Aprendemos a ter fé pela dor ou por amor.
ResponderExcluirO pecador pode saber que Cristo é divino e mesmo assim rejeita-lo como Salvador. Já a fé do coração, leva integralmente a Ele (João 1:12).
ResponderExcluir